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Rússia anuncia novo corte no fornecimento de gás para UE

25 de julho de 2022

Estatal russa vai reduzir pela metade o fluxo atual de gás natural no Nord Stream 1, enviando apenas 20% da capacidade total do gasoduto. Moscou alega reparos técnicos, enquanto Alemanha fala em punição por sanções.

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O gasoduto Nord Stream 1
O Nord Stream 1 atravessa o Mar Báltico e conecta a cidade russa de Vyborg à alemã LubminFoto: Hannibal Hanschke/REUTERS

A gigante russa de energia Gazprom anunciou nesta segunda-feira (25/07) mais um corte no fornecimento de gás natural para a União Europeia (UE) por meio do Nord Stream 1, que vai da Rússia até a Alemanha, alegando reparo de equipamentos.

A partir de quarta-feira, a estatal russa enviará diariamente apenas 33 milhões de metros cúbicos de gás pelo gasoduto, o que representa apenas 20% de sua capacidade total de fornecimento e metade do que está sendo entregue atualmente.

Segundo a Gazprom, a operação de uma das turbinas será suspensa devido a "condições técnicas da máquina", que será submetida a reparos.

O governo russo vem sustentando que tais questões técnicas estão ligadas a problemas de abastecimento gerados pelas sanções internacionais impostas após a invasão da Ucrânia.

A Alemanha, por sua vez, insiste que os sucessivos cortes de fornecimento de energia são uma punição da Rússia pelas sanções ocidentais, acusando Moscou de usar o gás como uma "arma política".

"Estamos monitorando a situação de muito perto, em estreito contato com a Agência Federal de Redes de Energia e a equipe de crise do gás", disse o Ministério da Economia alemão em comunicado nesta segunda-feira. "De acordo com nossas informações, não há razões técnicas para uma redução nas entregas."

O Nord Stream 1, importante via de fornecimento de gás natural russo para a União Europeia, atravessa o Mar Báltico e conecta a cidade russa de Vyborg à alemã Lubmin. No ano passado, a Rússia forneceu 40% do gás importado pela UE, por meio do Nord Stream 1 e de outros gasodutos.

Imbróglio sobre gás

O anúncio ocorre poucos dias depois de a Gazprom retomar seu fornecimento de gás natural por meio do Nord Stream, após o fluxo ter sido interrompido por dez dias para manutenção anual.

Desde que o presidente russo, Vladimir Putin, lançou um ataque à Ucrânia em 24 de fevereiro e o Ocidente respondeu com sanções contra Moscou, a Rússia começou a reduzir seu fornecimento de gás aos países da UE.

Putin culpou o Ocidente e as sanções impostas à Rússia por problemas de abastecimento. A manutenção de turbinas construídas pela Siemens, essenciais para o funcionamento do duto, é realizada em uma fábrica no Canadá. Ottawa havia inicialmente bloqueado o retorno de uma turbina por causa das sanções.

Consequentemente, a Gazprom, controlada pelo Kremlin, reduziu as exportações de gás através do Nord Stream para 40% da capacidade normal no final de maio e novamente de forma mais drástica em meados de junho.

Após pressão da Alemanha, o Canadá concordou em devolver a turbina. O equipamento estaria já a caminho do Canadá para a Alemanha, de onde será enviado para a Rússia – usando uma brecha nas sanções, pois "pelo lado da UE, esses transportes não são afetados pelas sanções", afirmou um porta-voz do Ministério da Economia alemão na semana passada.

Racionamento

Também na semana passada, a Comissão Europeia pediu aos países da UE que reduzam sua demanda por gás natural em 15% nos próximos meses de inverno e para que forneçam à Comissão poderes especiais para implementar os cortes de demanda necessários no caso de a Rússia cortar o gás para a Europa.

"A Rússia está usando a energia como uma arma e, portanto, em qualquer evento, seja um grande corte parcial do gás russo ou um corte total, a Europa precisa estar pronta", alertou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

Já nesta segunda-feira, ela disse que os países da UE que têm abastecimento de gás independente da Rússia precisam demonstrar solidariedade com os países forçados a racionar gás no próximo inverno europeu.

Nesta terça-feira, ministros da União Europeia debaterão um plano de economia de gás, quando deverão apelar para que os Estados-membros reduzam a demanda em 15%.

ek (AP, Reuters, DPA, AFP)