1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Russos acusam: fundador do Telegram é "prisioneiro político"

25 de agosto de 2024

Russo-franco-emiradense Pavel Durov foi detido no aeroporto de Paris, acusado de cumplicidade em crimes como terrorismo, narcotráfico, fraude, pedofilia, devido à ausência de medidas de controle em sua rede Telegram.

https://p.dw.com/p/4jtmf
Empresário Pavel Durov em foto de 2017
Pavel Durov fundou com o irmão Nikolai o Telegram como alternativa ao WhatsApp (foto de 2017)Foto: Tatan Syuflana/AP Photo/picture alliance

Deputados e senadores russos exigiram neste domingo (25/08) que a França liberte o empresário Pavel Durov, criador do serviço de mensagens criptografadas Telegram, preso na noite da véspera.

"Apelo ao ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, que peça às autoridades francesas para libertarem Pavel Durov", disse Vladislav Davankov, vice-presidente da Duma (câmara baixa da Assembleia Federal), em seu canal do Telegram, enfatizando que "dificilmente alguém fez mais pelo desenvolvimento de serviços digitais na Rússia e no mundo".

Ele e outros deputados e senadores russos afirmam que a prisão tem motivação política, visando o acesso às informações confidenciais dos usuários da rede social. O ex-presidente Dmitri Medvedev afirmou que, para os inimigos de Moscou, Durov "é russo e, portanto, imprevisível e perigoso".

Além da cidadania russa, Pavel Durov tem a francesa e a dos Emirados Árabes Unidos, vivendo em Dubai desde 2017. Juntamente com seu irmão Nikolai, lançou em 2013 o aplicativo de mensagens instantâneas para dispositivos eletrônicos Telegram, como alternativa ao WhatsApp.

"Cúmplice de terrorismo, narcotráfico, fraude, pedofilia"

O bilionário russo-franco-emiradense Pavel Durov, de 39 anos, foi preso na noite deste sábado na pista do aeroporto Paris-Le Bourget, quando descia de seu avião particular, procedente do Azerbaijão. O mandado para sua prisão foi emitido pelo Escritório para Menores (Ofmin) da Direção Nacional de Investigação Criminal da França, com base numa investigação preliminar.

O Judiciário francês argumenta que a falta de moderação no Telegram e a recusa de Durov de cooperar com as autoridades, associada às ferramentas que a plataforma oferece, como números descartáveis e criptografia, o tornam cúmplice de numerosos crimes.

De acordo com a imprensa azerbaijana, antes de ser detido, o cofundador do Telegram passou três semanas na costa do Mar Cáspio, estadia que coincidiu com uma visita ao país do chefe do Kremlin, Vladimir Putin. Agora ele terá que responder perante um tribunal de instrução por terrorismo, narcotráfico, fraude, lavagem de dinheiro e distribuição de conteúdo pedófilo, entre outras acusações.

Políticos russos condenam França, EUA e "governo global ocidental"

"Pavel Durov é um prisioneiro político, uma vítima da caça às bruxas do Ocidente. Sua prisão significa que a liberdade de expressão está morta na Europa", comentou a deputada russa Maria Butina à agência de notícias Reuters.

O presidente do Comitê Constitucional do Senado, Andrey Klishas, ironizou a França por sua luta pela "liberdade de expressão" e os "valores europeus"; enquanto a chefe da Liga para uma Internet Segura, Yekaterina Mizulina, conhecida por seu combate à repressão da dissidência online, acusou os Estados Unidos de estarem por trás da prisão.

"Para Andrei Svintsov, vice-chefe do Comitê de Política de Informação da Duma, Durov é vítima de uma decisão do "governo global ocidental", que pretende controlar "praticamente todos os recursos de informação do mundo": "Não acho que será possível libertá-lo em breve. Acho que ele ficará sob custódia por vários anos."

Por sua vez, Alexei Pushkov, chefe do Comitê de Política Informativa do Senado advertiu: "A ditadura liberal não apoia os individualistas que aspiram à liberdade e seguem outras regras. Elon Musk, prepare-se", referindo-se ao proprietário da rede social X, que, segundo alguns veículos de imprensa, teria também exigido a libertação de Durov.

av (Lusa, EFE, Reuters)