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Renúncia de secretário aumenta pressão sobre sigla de Scholz

Sabine Kinkartz
8 de outubro de 2024

A um ano da próxima eleição na Alemanha, secretário-geral do SPD Kevin Kühnert está deixando o cargo. Renúncia ocorre em momento crítico para social-democratas, em baixa nas pesquisas e numa coalizão de governo em crise.

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Kevin Kühnert
Kevin Kühnert é da esquerda do SPD e foi contra uma nova coalizão de governo com os conservadoresFoto: Tobiass Schwartz/AFP/Getty Images

Para a ampla maioria dos social-democratas alemães, o anúncio foi uma surpresa: Kevin Kühnert, secretário-geral do SPD desde dezembro de 2021, anunciou sua renúncia ao cargo nesta segunda-feira (07/10) e acrescentou que não irá concorrer novamente como deputado ao Bundestag (Parlamento alemão) na eleição de 2025.

Numa carta aos membros do seu partido, Kühnert, de 35 anos, explicou sua decisão dizendo que não está bem de saúde. "Uma vitória nas urnas exige o comprometimento total de todo o SPD." Os próximos meses exigirão "enormes esforços" para "recuperar um atraso que se reflete tanto nos baixos índices das pesquisas eleitorais quanto na baixa autoconfiança".

Kühnert disse que, devido à sua saúde, não está em condições de corresponder a essa expectativa. Ele não comunicou de que está doente nem a gravidade da doença.

Enorme pressão política

Há meses que o secretário-geral do SPD está sob enorme pressão política. Os índices do partido nas pesquisas eleitorais para a eleição nacional giram em torno de 16%. Nas eleições estaduais na Saxônia e na Turíngia, o SPD teve um desempenho historicamente ruim e até mesmo arriscou ficar abaixo da claúsula de barreira de 5%. Somente em Brandemburgo o partido conseguiu reverter essa tendência e sair vencedor das urnas.

Quando os dois líderes do Partido Verde, Ricarda Lang e Omid Nouripour, anunciaram suas renúncias após o fracasso dos verdes na eleição estadual em Brandemburgo, Kühnert se viu seguidamente confrontado com a pergunta se ele também não deveria assumir a responsabilidade pelos resultados insatisfatórios nas eleições. Kühnert respondeu várias vezes que também se perguntava isso e que aceitaria renunciar se isso fosse melhor para o SPD.

Entrosamento com os presidentes do SPD

No entanto, ele também ressalvou, em entrevista à revista semanal Der Spiegel, que forma uma equipe bem entrosada com os copresidentes do SPD, Lars Klingbeil e Saskia Esken, e que os três trabalham juntos e tomam decisões conjuntas.

Kühnert já havia informado Klingbeil e Esken sobre sua intenção há alguns dias. Ambos reagiram com consternação, mas também com compreensão. Klingbeil disse, nesta segunda-feira, entender que a decisão de Kühnert não havia sido fácil, mas ainda assim era correta. "Agora se trata de Kevin e de sua saúde." Como amigo pessoal de Kühnert, Klingbeil disse estar 100% ao lado dele.

Os dois copresidentes do SPD elogiaram o trabalho de Kühnert como secretário-geral. Klingbeil afirmou que Kühnert deu uma contribuição decisiva para a estabilidade no partido, e Esken o chamou de "importante pilar para o nosso partido social-democrata".

Representante da esquerda do SPD

Kühnert foi presidente da ala jovem do SPD, a Jovens Socialistas (Jusos) de novembro de 2017 a janeiro de 2021 e fez uma forte campanha a favor de Esken para a liderança do partido. Em 2019, ela e seu então companheiro de chapa, Norbert Walter-Borjans, competiram pela presidência partidária contra o atual chanceler federal, Olaf Scholz, e outros candidatos. Os Jusos haviam apoiado os dois porque queriam uma guinada à esquerda dentro do SPD após anos de crises existenciais e querelas internas.

Antes, Kühnert, que é da esquerda do SPD, havia feito tudo o que estava ao seu alcance para evitar uma reedição da chamada grande coalizão entre seu partido e os conservadores CDU e CSU.

Nouripour, do Partido Verde, desejou uma recuperação completa a Kühnert, em nome de seu partido, e agradeceu a ele pela cooperação e confiança nos últimos três anos.

O secretário-geral da CDU, Carsten Linnemann, disse ao jornal Rheinische Post que Kühnert é um político muito correto. "Apesar das diferenças políticas, o trabalho conjunto sempre foi na base da confiança."

Enormes desafios até a próxima eleição

O SPD se reuniu já na noite desta segunda-feira e escolheu Matthias Miersch, de 55 anos, para a sucessão de Kühnert. Assim como Kühnert, Miersch é membro do Bundestag e pertence à ala esquerda do SPD. Ele é ainda o vice-líder da bancada social-democrata no parlamento.

Miersch assumirá o cargo de forma interina. Ele só poderá ser eleito na próxima conferência do partido, marcada para junho de 2025.

Miersch enfrentará enormes desafios. O secretário-geral é uma espécie de gerente administrativo de um partido. Ele representa publicamente o perfil político do partido e precisa saber se posicionar sobre todas as questões políticas da atualidade. Ao mesmo tempo exerce tarefas administrativas, como dirigir a sede do partido, organizar as conferências do partido e as campanhas eleitorais.

E não há mais muito tempo até a eleição nacional de setembro de 2025. A situação atual é crítica: o SPD está há muito tempo em baixa nas pesquisas. O maior grupo de oposição no Bundestag, a CDU/CSU, tem quase o dobro de intenções de voto.

Como se não bastasse, o governo liderado pelo SPD, em coalizão com o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP), passa por grandes turbulências. As diferenças são grandes, e diante dos recentes conflitos sobre o orçamento e a política previdenciária, um fim prematuro do governo não pode ser descartado. Se isso acontecer, o SPD teria ainda menos tempo para organizar sua campanha eleitoral e tentar reverter os baixos índices nas pesquisas.