Reino Unido pode virar paraíso fiscal
4 de julho de 2016O ministro das Finanças britânico, George Osborne, anunciou nesta segunda-feira (04/07) planos para reduzir significativamente os impostos para empresas no Reino Unido, numa tentativa de mantê-las no país depois da saída britânica da União Europeia (UE).
Segundo o político, a intenção é diminuir os atuais 20% para menos de 15%, confirmando suas declarações em entrevista publicada pelo jornal britânico Financial Times no domingo.
Antes mesmo do referendo, em março deste ano, Osborne já havia anunciado a intenção de reduzir os impostos corporativos para 19% em 2017 e 17% até 2020.
O corte ainda maior, de acordo com o ministro, tem como objetivo mostrar que o Reino Unido "continua aberto para negócios", apesar do resultado do referendo de 23 de junho. Uma redução deixaria o país com um dos mais baixos impostos para empresas entre as grandes economias do mundo. Na União Europeia, apenas a Irlanda e o Chipre, com 12,5%, detêm uma taxa abaixo de 15%.
Com a saída do Reino Unido da UE, algumas empresas baseadas em Londres estão considerando transferir suas sedes para cidades como Dublin, Amsterdã, Frankfurt e Paris, onde poderão continuar se beneficiando com o extenso mercado comum europeu. É isso que Osborne tenta evitar.
O ministro afirmou que quer construir uma "economia supercompetitiva", com baixos impostos e um enfoque global, e clamou ao Banco da Inglaterra (banco central) que use seus poderes para evitar "uma contração de créditos na economia". Ele ainda disse que se esforçará por uma relação mais próxima com a China.
Uma queda drástica nos impostos corporativos, como previsto por Osborne, poderia facilmente gerar irritação em alguns países europeus, que já chegaram a expressar preocupação com políticas fiscais mais frouxas.
Mais cedo no domingo, a agência de notícias Reuters informou que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em comunicado interno, disse considerar improvável um corte nos impostos por parte do Reino Unido. Se tal redução ocorresse, o país se transformaria em "um tipo de paraíso fiscal", disse a OCDE.
Entre outros elementos do plano de Osborne para conduzir a economia britânica ante os impactos causados pelo Brexit estão assegurar o apoio a empréstimos bancários, intensificar os esforços para direcionar os investimentos para o norte da Inglaterra e manter a credibilidade fiscal do Reino Unido.
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