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PolíticaBósnia e Herzegovina

Reformistas devem ser eleitos na Bósnia

3 de outubro de 2022

Eleitores foram às urnas para escolher representantes de três grupos étnicos que devem se alternar na presidência. Mais de 25 anos após o fim da Guerra da Bósnia, ameaças de secessão ainda minam estabilidade do país.

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A imagem mostra a mão de um eleitor depositando um voto de papel em uma urna de plástico.
Eleitores bósnios votaram para presidente, deputados federais e membros de conselhos regionais e locaisFoto: Vera Soldo/DW

Neste domingo (02/10), eleitores da Bósnia e Herzegovinavotaram para escolher a nova presidência coletiva do país, para o qual foram escolhidos três candidatos de três grupos étnicos distintos, bem como deputados nacionais e representantes de conselhos regionais e locais.

A Bósnia, que até 1992 integrou a ex-república soviética da Iugoslávia, na região dos Bálcãs, adota um sistema de presidência tripartite rotativa, formada por um representante dos sérvios, um dos croatas e um dos bosníacos, também denominados bósnios muçulmanos. Os três se alternam no poder durante um mandato coletivo de quatro anos.

A eleição teve uma disputa acirrada entre nacionalistas e reformistas – esses últimos focados basicamente em questões econômicas.

Resultados preliminares nesta segunda-feira indicam que o reformista moderado Denis Becirevic estava liderando a disputa pelo assento bosníaco na presidência. "É hora de uma reviravolta positiva na Bósnia", disse o candidato, após reivindicar a vitória.

Becirevic, do Partido Social-Democrata, obteve 55,78% dos votos sobre Bakir Izetbegovic, cuja legenda nacionalista bosníaca Partido da Ação Democrática está no poder desde 1996. Na noite deste domingo, Izetbegovic admitiu a derrota no pleito.

O também moderado Zeljko Komsic lidera a corrida presidencial como representante dos croatas. Ele lidera sobre a nacionalista Borjana Kristo, da União Democrática Croata.

Entre os sérvios, Zeljka Cvijanovic recebeu 51,65% dos votos. Ela é aliada de Milorad Dodik, pró-Rússia.

Dodik era o representante sérvio para a presidência da Bósnia, mas atualmente concorre ao cargo de mandatário da região autônoma República Sérvia. Nessa eleição à parte, ele aparece empatado com a oposicionista e professora de economia Jelena Trivic.

Eleitores da Bósnia e Herzegovina também escolheram os deputados do parlamento federal e integrantes de conselhos regionais e locais, em uma eleição marcada por ameaças de secessão, conflitos políticos internos e tensões étnicas.

A Bósnia e Herzegovina vive sua pior crise política desde o fim da Guerra da Bósnia (1992-1995). O país segue dividido entre duas regiões autônomas: a República Sérvia e a Federação Bósnia e Herzegovina, povoada majoritariamente por croatas e bosníacos.

O sistema de governo bósnio foi criado em 1995 após o Acordo de Dayton, mediado pelos Estados Unidos. O acordo encerrou oficialmente a guerra, mas deu permissão aos líderes étnicos para manter o status quo.

Carros estacionados estão à frente de pessoas que estão em uma extensa fila para entarr nas seções de votação na Bósnia e Herzegovina.
Cerca de 3,3 milhões de eleitores estavam aptos a votar neste domingoFoto: Mreža

Plano de secessão sérvio adiado

A República Sérvia busca a separação da Bósnia. Em dezembro, o território autônomo votou pela retirada de seus representantes das Forças Armadas, bem como dos sistemas tributário e judiciário do país. Na prática, entretanto, o plano está paralisado.

Nacionalista, o sérvio Milorad Dodik é visto pelo Ocidente como a figura mais destrutiva da política local, e, além da Rússia, seu partido tem o apoio de Sérvia e Hungria. Depois de completar o mandato como um dos três presidentes da Bósnia, ele busca um terceiro como líder da República Sérvia.

Já aos bosníacos muçulmanos foi dada a opção de votar em uma coalizão de 11 partidos distintos que busca destituir do poder o tradicional Partido da Ação Democrática, que dominado a política no país há décadas.

Nacionalistas de origem croata também têm atuado para enfraquecer as instituições estatais bósnias e ameaçam bloquear a formação de um governo caso o moderado Zeljko Komsic vença a eleição como representante da etnia.

Entraves para ingressar na UE

Mais de 25 anos após o fim da Guerra da Bósnia, o ódio e a desconfiança persistem no país. As desavenças têm maculado a candidatura do país para ingressar na União Europeia (UE).

A candidatura foi lançada em 2016, mas a UE argumentou que problemas estruturais recorrentes, a exemplo de um debilitado Estado de Direito, impedem que o país integre o bloco.

gb/lf (AFP, dpa, Reuters)