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Rússia garante aos EUA que não pretende invadir a Ucrânia

10 de janeiro de 2022

Diplomatas de alto escalão dos dois países se reuniram em Genebra para discutir tensão provocada por estimados 100 mil soldados russos estacionados na fronteira com a Ucrânia. EUA ameaçaram impor sanções.

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Uma mulher grisalha e um homem grisalho parados em frente a bandeiras da Rússia e dos EUA.
A vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, e o vice-ministro do Exterior da Rússia, Serguei Ryabkov, em encontro em GenebraFoto: Denis Balibouse/KEYSTONE/REUTERS/dpa/picture alliance

Diplomatas de alto escalão dos Estados Unidos e da Rússia discutiram nesta segunda-feira (10/01), em Genebra, na Suíça, as crescentes tensões envolvendo  tropas russas estacionadas perto da fronteira com a Ucrânia.

Após o encontro de oito horas, Moscou assegurou não ter "qualquer intenção de atacar" o país vizinho. Já Washington reiterou advertências sobre uma eventual invasão.

O vice-ministro do Exterior da Rússia, Serguei Ryabkov, descreveu as conversas como difíceis, mas afirmou que as posições dos EUA não foram "surpreendentes". 

"Algumas ameaças ou avisos foram apresentados. Explicamos aos nossos colegas [americanos] que não temos planos de 'atacar' a Ucrânia", destacou Ryabkov. "Não há base para temer qualquer cenário de escalada nesse sentido", acrescentou o diplomata.

A vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, descreveu as conversas como "francas e diretas", porém, acrescentou que Washington rejeitou propostas de segurança feitas por Moscou. Além disso, ela disse que não ficou claro nesta segunda se o Kremlin se comprometeria com a "desescalada".

"Acho que não sabemos a resposta para isso. Deixamos bem claro que é muito difícil ter uma diplomacia construtiva, produtiva e bem-sucedida sem desescalada", afirmou Sherman a repórteres.

Países do Ocidente estão temem que a concentração de tropas e equipamentos militares da Rússia perto da fronteira com a Ucrânia possa levar a uma invasão, como a que ocorreu em 2014, na Crimeia. Estima-se que quase 100 mil soldados russos estejam perto da fronteira com a Ucrânia.

Moscou nega que essa seja a intenção e busca garantias de que a Otan não avançará mais para o leste e que a Ucrânia não entrará para a aliança militar.

Encontro paralelo

Paralelamente ao encontro em Genebra, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, se reuniu com a vice-primeira-ministra ucraniana para a Integração Europeia e Euro-Atlântica da Ucrânia, Olga Stefanishyna.

Em uma coletiva de imprensa conjunta, Stoltenberg alertou a Rússia que "qualquer agressão adicional contra a Ucrânia teria um alto preço político e econômico" e que a Ucrânia é um "parceiro valioso e de longa data da Otan".

A escalada militar russa na fronteira com a Ucrânia será discutida novamente esta semana em reunião da Rússia com a aliança atlântica em Bruxelas, na quarta-feira, e na reunião do Conselho Permanente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, na quinta-feira.

Stoltenberg considerou positiva a disposição da Rússia em participar do encontro.

"Vamos ouvir as preocupações da Rússia, mas qualquer diálogo significativo também deve abordar nossas preocupações sobre as ações russas", destacou

Possíveis sanções dos EUA

Nas últimas semanas, o presidente dos EUA, Joe Biden, conversou duas vezes por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin.

Biden alertou sobre sérias consequências caso Moscou invada a Ucrânia novamente. Possíveis respostas incluiriam sanções, o cancelando da operação do gasoduto Nord Stream 2 ou até mesmo a exclusão da Rússia da rede bancária global.

Mas as autoridades dos EUA se manifestaram abertas a outras ideias, como colocar limites aos exercícios militares americanos e da Otan na Europa Oriental.

No domingo, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que um resultado positivo mais provável, por enquanto, seria um acordo para diminuir as tensões a curto prazo e retornar às negociações em um momento apropriado no futuro.

Nesta segunda-feira, Ryabkov assegurou que os americanos "levam muito a sério" os avisos emitidos por Moscou, em particular sobre as consequências de uma eventual expansão da Otan em direção a leste. 

O que as conversas indicam?

A chefe da sucursal da DW em Bruxelas, Alexandra von Nahmen, disse que as declarações de Ryabkov e Sherman mostraram que um acordo entre Moscou e Washington está muito distante.

"Não temos nenhuma indicação de que os EUA ou a Rússia estejam dispostos a se comprometer nas principais questões", afirmou a repórter em Genebra.

"Ainda há risco de escalada", disse Von Nahmen, destacando que as negociações desta segunda-feira foram apenas o início de uma longa semana para a diplomacia.

A Rússia afirma que quer a questão resolvida ainda neste mês. No entanto, a Otan teme que Putin possa estar procurando um pretexto, como um fracasso nas negociações, para lançar uma invasão.

le/lf (ap, lusa, afp)