Rússia declara líder da oposição inelegível
23 de junho de 2017O comitê eleitoral da Rússia declarou nesta sexta-feira (23/06) como inelegível o líder da oposição Alexei Navalny, devido a seus antecedentes criminais. Assim, Navalny não poderá disputar a eleição presidencial no próximo ano, como havia anunciado.
"Atualmente, Alexei Navalny não é elegível para disputar o cargo", decretou o comitê, acrescentando que o opositor está cumprindo uma pena de cinco anos suspensa por peculato. Condenados por crimes sérios só podem se candidatar a cargos públicos na Rússia dez anos após terem cumprido a pena.
O líder da oposição foi condenado em fevereiro deste ano a cinco anos de prisão por desvio de dinheiro público. Na época, o juiz considerou Navalny culpado por se apropriar de 10 mil metros cúbicos madeira no valor de 500 mil dólares de uma empresa pública de exploração florestal, a Kirovless, quando era assessor do governo regional de Kirov.
O opositor já havia sido sentenciado em 2013 pelo mesmo crime. A condenação, no entanto, foi cancelada pelo Supremo depois que o Tribunal Europeu de Direitos Humanos denunciou infrações durante o processo judicial, considerando a sentença "arbitrária". Navalny afirma ser inocente de todas as acusações e tachou o processo de "político".
Principal rival de Putin
O líder opositor, de 40 anos, ganhou fama ao denunciar em seu blog a corrupção na administração pública. Ele se apresentava como o principal rival de Vladimir Putin no pleito presidencial de 2018.
Navalny tem sido uma maldição para o governo russo desde que ficou em segundo lugar na eleição para prefeito de Moscou em 2013, quando concorreu por uma plataforma anti-Putin. O sucesso cimentou seu lugar como principal líder da oposição.
No entanto, a missão de Navalny de chegar ao Kremlin sofreu repetidos recuos e obstáculos, incluindo agressões físicas. Em abril, ele precisou de tratamento médico depois que jogaram líquido cáustico verde em seu rosto, o que o deixou com a visão permanentemente prejudicada.
Na semana passada, o opositor, que lidera uma campanha anticorrupção na internet, organizou uma segunda onda de manifestações na Rússia. O público alvo da campanha são adolescentes e estudantes que cresceram sem ter visto uma Rússia sem Putin no poder.
Ele foi detido na manifestação, e um tribunal em Moscou o declarou culpado por violar repetidas vezes a lei sobre organização de atos públicos. Ele foi condenado a 30 dias de prisão.
CN/rtr/afp