Oriente Médio
24 de setembro de 2011O pedido de admissão do Estado palestino como membro efetivo das Nações Unidas deverá ser apreciado já na próxima segunda-feira (26/09) pelo Conselho de Segurança da ONU, afirmou o embaixador libanês na ONU, Nawaf Salam, que preside o conselho este mês.
Três horas após ter recebido o pedido de adesão à ONU das mãos do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, o secretário-geral Ban Ki-moon encaminhou o requerimento ao Conselho de Segurança, confirmou um porta-voz da ONU.
Salam informou que enviou o pedido aos outros 14 países-membros do Conselho, após tê-lo recebido de Ban Ki-moon. Segundo o embaixador suíço na organização, Paul Seger, as negociações no Conselho de Segurança podem se prolongar até novembro.
Segundo a Carta das Nações Unidas, o requerimento deve ser aprovado primeiramente pelo secretário-geral, em seguida pelo Conselho de Segurança e, por fim, a Assembleia Geral vota a admissão. No grêmio de 193 países, a aprovação do pedido palestino é tida como certa.
Mas ainda que os nove votos a favor necessários para aprovação sejam alcançados no Conselho de Segurança, os Estados Unidos já anunciaram que irão usar seu poder de veto. Para Washington, um acordo de paz com Israel é pré-condição para o reconhecimento de um Estado palestino.
Prós e contras
Os palestinos festejaram com todo entusiasmo o discurso de seu presidente, que exigiu na sexta-feira perante a ONU em Nova York um Estado palestino independente conforme as fronteiras de 1967 e com Jerusalém como capital.
Já o ministro do Exterior israelense, Avigdor Lieberman, criticou a fala de Abbas, considerando-a uma "incitação à violência" em entrevista à TV israelense.
Um porta-voz do grupo radical islâmico Hamas, que desde 2007 detém o governo da Faixa de Gaza, classificou o discurso do presidente da Autoridade Nacional Palestina como "sem substância".
Após o pedido palestino de adesão à ONU, o chamado Quarteto para o Oriente Médio – formado pelas Nações Unidas, União Europeia, EUA e Rússia – instou israelenses e palestinos a retomarem as negociações de paz, disse a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, ainda na sexta-feira em Nova York.
Cronograma claro
Por temer uma nova onda de violência no Oriente Médio, o Quarteto exige que ambas as partes retomem as negociações num prazo de quatro semanas. O cronograma previsto pelo Quarteto para o Oriente Médio prevê que, a princípio, Israel e os palestinos se comprometam a chegar a uma solução no mais tardar até o fim do próximo ano.
Segundo Ashton, num prazo de três meses devem ser feitas amplas sugestões sobre questões de fronteiras e de segurança. Após seis meses eles deverão apresentar os avanços alcançados em uma conferência internacional em Moscou. No ano que vem também está prevista a realização de uma conferência de países doadores para a Palestina, acresceu Ashton.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, saudou a decisão. "Agora, israelenses e palestinos estão a caminho de pôr em prática seu comprometimento com as negociações o mais rápido possível e dar início a um processo de credibilidade e eficaz", afirmou o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert.
Tony Blair, enviado especial do Quarteto para o Oriente Médio, declarou: "Nós precisamos de uma solução, finalmente. E a melhor maneira de chegar até ela é sentar e conversar". A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse por sua vez que os EUA "estariam muito contentes que um cronograma claro exista".
Medo de atentado
O governo israelense reagiu de forma comedida aos planos do Quarteto para o Oriente Médio de retomada de negociações entre palestinos e israelenses. O cronograma proposto "não teria pressa", disse o vice-ministro do Exterior de Israel, Danny Ajalon, neste sábado (24/09).
Ao mesmo tempo, ele elogiou o fato de o plano do Quarteto não conter nenhuma referência à política de assentamentos de Israel e à demarcação de fronteiras. Para os palestinos, o congelamento das construções de assentamentos por parte dos israelenses é pré-condição para a retomada das negociações de paz.
Enquanto isso, as forças de segurança israelenses foram colocadas em alerta máximo, ao longo da fronteira com o Egito na noite de sexta-feira. Segundo informações israelenses, o grupo radical Hamas poderia tentar sabotar, através de um atentado, a iniciativa de Abbas na ONU. O Hamas rejeita o pedido de adesão da Palestina como membro efetivo das Nações Unidas.
Segundo uma porta-voz do Exército israelense, os serviços de inteligência do país teriam tomado conhecimento de um possível ataque terrorista no sul de Israel. Os terroristas poderiam ultrapassar a fronteira através do Egito, acrescentou. Em agosto último, oito israelenses foram mortos num atentado sangrento ao norte de Eilat.
CA/afp/dpa/dw
Revisão: Mariana Santos