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Putin teria fornecido míssil que derrubou o MH17

8 de fevereiro de 2023

Equipe de investigação diz ter encontrado "fortes indícios" de que líder russo teria dado aval ao envio de míssil a separatistas pró-Rússia que lutavam no leste da Ucrânia.

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Pedaço de fuselagem de avião em campo agrícola. No fundo, homens carregam um saco preto de transporte de cadáveres.
Queda do Boeing 777 da Malaysia Airlines em 2014 matou todas as 298 pessoas a bordoFoto: Anastasia Vlasova/EPA/dpa/picture alliance

O presidente russo, Vladimir Putin, provavelmente decidiu fornecer o míssil que derrubou o voo MH17 da Malaysia Airlines sobre a Ucrânia em 2014, mas não há nenhuma perspectiva realista de processá-lo, disse nesta quarta-feira (08/02) uma equipe internacional de investigadores que apura o caso.

Os investigadores concluíram haver "fortes indícios" de que Putin havia pessoalmente aprovado o envio do míssil para separatistas pró-Rússia durante os combates no leste da Ucrânia em 2014. Como prova foram usados telefonemas interceptados.

"Há fortes indícios de que o presidente russo decidiu fornecer o [míssil] Buk TELAR aos separatistas da 'República Popular de Donetsk'", disse em uma declaração a equipe conjunta de investigação, formada por representantes de seis países.

A apuração, no entanto, está sendo suspensa porque "todas as pistas foram esgotadas" sobre a queda do avião, que matou todas as 298 pessoas a bordo. As vítimas eram de dez países diferentes, incluindo 196 residentes da Holanda, 43 da Malásia e 38 da Austrália.

Três homens foram condenados

As declarações foram feitas pelos investigadores menos de três meses depois que um tribunal holandês condenou dois russos e um ucraniano a penas de prisão perpétua pela morte dos que estavam a bordo do MH17, em um julgamento realizado à revelia.

As autoridades russas chegaram a adiar a decisão de enviar armas aos separatistas ucranianos porque Putin estava em uma comemoração do Dia D na França em junho de 2014, disseram os investigadores. Eles apresentaram um telefonema interceptado de um assessor russo dizendo que o atraso ocorreu "porque há apenas um que toma uma decisão (...), a pessoa que está atualmente em uma cúpula na França".

Homem em sala de conferência com telões mostrando trechos de conversas
Investigadores apresentaram diálogos telefônicos interceptados entre separatistas e "altos funcionários" russosFoto: Kenzo TRIBOUILLARD/AFP

Putin beneficia-se da imunidade como chefe de Estado, o que torna impossível qualquer iniciativa para processar o líder russo, disseram os investigadores. Eles acrescentaram que "embora falemos de fortes indícios, o critério rigoroso de provas completas e conclusivas não foi alcançado" em relação a Putin.

A equipe conjunta de investigação tem membros da Holanda, Austrália, Bélgica, Malásia e Ucrânia, os países mais afetados pela queda do Boeing 777.

Rússia nega envolvimento

Os investigadores haviam dito anteriormente que queriam descobrir quem forneceu o míssil BUK e quem estava na cadeia de comando. O míssil possivelmente foi enviado a partir de uma base militar russa na cidade de Kursk – mas eles reconheceram que não era possível chegar a essa conclusão no momento.

"A investigação atingiu agora seu limite, todas as pistas foram esgotadas, portanto a investigação está sendo suspensa", disse a promotora holandesa Digna van Boetzelaer em uma entrevista coletiva em Haia. "As provas são insuficientes para mais acusações."

A Rússia rechaçou a condenação judicial pela Holanda ocorrida no ano passado, definindo-a como "escandalosa" e motivada politicamente. E Moscou tem negado de forma consistente qualquer envolvimento na derrubada do MH17.

Os magistrados do julgamento ocorrido no ano passado disseram que o míssil tinha vindo da Rússia e que os homens condenados faziam parte de um grupo separatista controlado por Moscou, mas que eles só tinham ajudado a trazê-lo para a Ucrânia e não tinham puxado o gatilho. 

Em 2019, investigadores divulgaram telefonemas interceptados mostrando o que diziam ser conversas entre separatistas e "altos funcionários" russos, incluindo Vladislav Surkov, um dos principais assessores de Putin.

bl/lf (AFP, dpa)