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Promotoria espanhola retira acusações contra Neymar

28 de outubro de 2022

Em caso sobre transferência para o Barcelona, Ministério Público pediu inicialmente dois anos de prisão para o jogador, além de multa de 10 milhões de euros. Acusações de fundo de investimento estão mantidas.

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Jogador Neymar chega de terno ao tribunal em Barcelona escoltado por dois policiais
Neymar diz que não se lembra se participou das negociações com o Barcelona, e que somente assinava o que seu pai pediaFoto: David Zorrakino/Europa Press/abaca/picture alliance

A Promotoria espanhola retirou nesta sexta-feira (28/10) todas as acusações de fraude e corrupção contra Neymar e os demais suspeitos de cometerem irregularidades durante a transferência do jogador do Santos para o Barcelona em 2013.

A Promotoria, inicialmente, pediu dois anos de prisão e uma multa de 10 milhões de euros contra o jogador do Paris Saint-Germain e da seleção brasileira.

Os promotores, no entanto, concluíram que o grupo não conseguiu sustentar as acusações contra o jogador e que não havia indícios, "nem mesmo circunstanciais", de irregularidades, somente presunções.

O que alegaram investidores

O DIS – fundo de investimento esportivo do grupo de supermercados brasileiro Sonda, que comprou 40% dos direitos do jogador em 2009, quando ele ainda era atleta do Santos – alega ter sido enganado nas negociações para a transferência de Neymar para o clube catalão. O fundo recorreu à Justiça espanhola, que aceitou o processo em 2015.

O DIS acusou Neymar e os demais envolvidos na transação de corrupção e fraude e pediu uma sentença de cinco anos de prisão para o jogador e seu pai, além de uma indenização de 34 milhões de euros e multa de 195 milhões de euros, que seria paga ao Estado espanhol.

Apesar de o FC Barcelona ter estimado inicialmente a contratação de Neymar em 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família e 17,1 para o Santos), a Justiça espanhola calculou que o negócio teria envolvido pelo menos 83 milhões de euros (cerca de R$ 440 milhões).

Para o DIS, Barcelona, Neymar e depois Santos uniram forças para esconder o valor real da operação por meio de outros contratos dos quais ficaram de fora.

A empresa afirma ter recebido 6,8 milhões de euros dos 17,1 pagos oficialmente ao clube brasileiro. "Neymar Júnior, com a conivência de seus pais e do FC Barcelona, e seus dirigentes na época, e o Santos FC [...] fraudaram os legítimos interesses econômicos do DIS", disse Paulo Nasser, advogado da empresa, segundo quem os direitos do jogador "não foram vendidos ao maior lance".

Alegando ter sido duplamente prejudicada, tanto por não ter recebido sua parte da transferência real quanto pelo contrato de exclusividade assinado por Neymar e o Barcelona – que impedia outros clubes de concorrerem ao atacante –, a DIS pediu a devolução dos cerca de 35 milhões de euros que estima ter perdido.

"Acredito que o DIS tem todo o direito de entender que a transferência de Neymar poderia ter lhe rendido maiores benefícios, mas acho que erraram de jurisdição", afirmou o procurador Luis Garcia nesta sexta-feira. Para ele, este seria um caso para ser julgado na esfera civil, e não penal.

Ao encerrar o caso, Garcia contradisse a opinião de seus colegas em Madri, onde teve início o processo bastante complexo e repleto de turbulências que, após intensas disputas entre as partes envolvidas, acabou sendo transferido para Barcelona.

Processo segue na Justiça

A decisão do Ministério Público não determina necessariamente o fim do julgamento, que termina na segunda-feira, mas enfraquece a acusação, que agora está somente nas mãos do DIS. O julgamento ainda deverá determinar se o DIS foi ou não vítima de fraude durante a operação.

Além de Neymar e seus país, também são alvo desse processo os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu, e o ex-dirigente do Santos Odílio Rodrigues Filho. Os demais acusados são três entidades jurídicas: o FC Barcelona, o Santos FC e a empresa fundada pelos pais do jogador para gerenciar sua carreira.

Durante o processo em Barcelona, Neymar disse que não se lembravase participou das negociações com o Barcelona, e que somente assinava o que seu pai pedia. "Sempre foi meu pai que cuidou de tudo, sempre foi responsável por isso", afirmou o jogador.

rc/lf (AFP, ots)