Escândalo da Volks
16 de novembro de 2007O escândalo de corrupção e "viagens de lazer" com visitas a bordéis, que estourou em 2005 na Volkswagen, parece não ter culpados, só vítimas. Pelo menos essa é a impressão no terceiro julgamento do caso, iniciado nesta quinta-feira (15/11), no Tribunal Regional de Braunschweig, na Baixa Saxônia.
Duas figuras centrais do caso – o ex-presidente do conselho da empresa Klaus Volkert e o ex-executivo da área de pessoal Klaus-Joachim Gebauer – rejeitaram qualquer culpa pelos desvios de dinheiro da empresa.
Volkert é acusado de haver tramado desvios de recursos da Volkswagen em 48 casos, entre eles o pagamento de bônus especiais no valor de aproximadamente 2 milhões de euros feitos pelo ex-diretor de recursos humanos Peter Hartz.
Ele disse no tribunal que Hartz e o presidente do conselho de administração da montadora, Ferdinand Piëch, lhe haviam prometido uma aposentadoria melhor. Para o advogado de Volkert, Johann Schwenn, "ficou evidente que a responsabilidade não terminou em Hartz".
Obras sociais
Segundo a Promotoria Pública de Braunschweig, Volkert também transgrediu os estatutos da empresa ao assinar um "contrato de fachada" no valor de 400 mil euros com sua amante brasileira Adriana Barros.
Além disso, teriam sido pagos cerca de 290 mil euros a Volkert e Barros para viagens, estadas em hotéis, compras e outros "eventos estranhos" à função de presidente do conselho de empresa. No banco dos réus, Volkert disse que Barros "se engajou em projetos sociais".
Gebauer, que organizou as "viagens de lazer e orgias" às custas da Volkswagen, disse que em momento algum teve a impressão de estar fazendo algo ilegal. Ele acrescentou que apenas cumpriu ordens de Hartz.
Gebauer é acusado de envolvimento em 40 casos de desvio, em 19 dos quais teria beneficiado um membro do conselho de empresa, que representa os trabalhadores da Volkswagen.
Acordo polêmico
O prejuízo decorrente desses desvios é estimado pela Promotoria Pública em aproximadamente 1,26 milhão de euros. O julgamento de Volkert e Gebauer terá continuidade no próximo dia 26, quando também Piëch deporá como testemunha no processo. A sentença está prevista para 26 de janeiro de 2008.
No primeiro julgamento do escândalo, em janeiro deste ano, Hartz fechou um acordo polêmico com a Justiça, pelo qual foi condenado a uma multa de 576 mil euros e dois anos de prisão condicional.
No segundo julgamento, em junho passado, Hans-Jürgen Uhl, ex-membro do conselho de empresa, recebeu uma multa de 39.200 euros. Ele admitiu ter participado de festas com prostitutas às custas da Volkswagen. (gh)