Prestígio recuperado
4 de abril de 2003Apesar de ter largado na frente, a equipe McLaren-Mercedes não se vê ainda na briga pelo campeonato da temporada 2003 de Fórmula-1 e recusa o rótulo de favorita. Antes mesmo da primeira corrida, os fornecedores alemães do motor da escuderia inglesa avaliaram que não haveria, a princípio, condições de disputar o título mundial. Sua meta seria o vice-campeonato, após ter ficado em terceiro em 2002.
Mas, e depois de ter vencido os primeiros grandes prêmios? "Não foi mais do que uma boa estréia, pois mesmo que tenhamos tido bom desempenho, estas vitórias nos pegaram de surpresa. Ficamos felizes, mas não deixamos estes sucessos nos subirem à cabeça", diz Norbert Haug, diretor de automobilismo da Mercedes.
O alemão analisa as razões das conquistas na Austrália e na Malásia: "As vitórias vieram a partir de dois fatores. Por um lado tivemos um carro muito robusto e por outro as coisas não correram bem para os adversários. Mas concluir que a temporada continuará como começou seria absolutamente errado".
Favoritismo inalterado
Para ele, a ordem de favoritismo não mudou. "A Ferrari é a campeã mundial e venceu 15 das 17 corridas do ano passado. Uma vantagem assim não se tira tão facilmente", considera Haug. "Acho que temos de seguir contando com uma Ferrari forte nos próximos GPs. E também não se deve subestimar a Williams-BMW."
Tanto Ferrari quanto McLaren, aliás, entraram nas pistas desta temporada com carros de 2002. Mais um motivo para satisfação de Haug, especialmente diante do retrospecto. "Nosso modelo usado está se saindo muito melhor do que esperávamos." Uma situação que esfriou a pressa na Mercedes de aprontar o novo MP4/18. "O novo carro tem de ser mais rápido e pelo menos tão confiável quanto o atual", cita o ex-jornalista os pré-requisitos para a definição de sua corrida de estréia.
Apesar de não esconder a satisfação de a Mercedes liderar os campeonatos de pilotos e construtores, Norbert Haug mantém a cautela quando o tema é a disputa do título. "É melhor ainda esperar um pouquinho para fazer previsões", reage. Líder da classificação, o piloto Kimi Raikkonen bota entretanto sua euforia para fora. "Eu quero agora lutar pelo título", diz o finlandês. "Provamos que podemos derrotar a Ferrari. O motor Mercedes é excepcional e os pneus Michelin se harmonizam muito bem com o chassi", acrescenta.
Schumacher sob pressão
Enquanto a estrela prateada da Mercedes volta a brilhar no circo da Fórmula-1, o pentacampeão mundial Michael Schumacher ainda evita preocupar-se em ser ofuscado. "Não há crise. Mais cedo ou mais tarde vamos ganhar de novo", garante o alemão desacostumado a não subir nos pódios após as corridas. E agora já foram duas seguidas. Oito pontos já o separam do líder Raikkonen.
Na Itália, os fanáticos ferraristas já especulam sobre toda espécie de justificativa para a decepcionante largada em 2003. "Cadê o alemão infalível, que jamais comete erros?", perguntou em edição recente o jornal Corriere della Sera. Independente da rivalidade nas pistas, o piloto alemão recebe apoio da compatriota Mercedes contra este tipo de pressão. "Considero totalmente exageradas as críticas a Michael Schumacher após apenas duas corridas. Querem apenas vender mais com manchetes sensacionalistas. É uma atitude descabida e injusta", rebate Haug.