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CriminalidadeAlemanha

Alemanha anuncia recuperação de tesouro roubado em Dresden

17 de dezembro de 2022

Autoridades dizem ter achado parte significativa das joias do século 18 levadas há mais de três anos de museu, durante um dos mais espetaculares roubos das últimas décadas no país.

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Pessoas diante de vitrines em sala com paredes espelhadas com detalhes dourados
O museu Grünes Gewölbe, situado no Castelo de Dresden, abriga uma das maiores coleções de tesouros da EuropaFoto: Jens Meyer/AP/picture alliance

Autoridades alemãs disseram neste sábado (17/12) ter recuperado parte significativa das joias do século 18 levadas há mais de três anos do museu Grünes Gewölbe (Abóbada Verde), durante um dos mais espetaculares roubos das últimas décadas

A polícia e procuradores disseram, através de nota, que 31 itens foram apreendidos em Berlim na última madrugada, incluindo "várias peças que parecem estar completas''.

As peças foram levadas para Dresden, a mais de 160 quilômetros de distância, onde a polícia e, em seguida, funcionários da autoridade que supervisiona as coleções de arte da cidade devem verificar a autenticidade dos objetos e examinar se estão intactos. Alguns itens importantes ainda estão faltando, segundo as autoridades.

O comunicado deste sábado não forneceu detalhes sobre onde exatamente os itens foram encontrados e em que circunstâncias.

Negociações entre promotores e advogados

Mas as autoridades informaram que a descoberta foi precedida por negociações entre promotores e advogados de defesa durante um processo em andamento sobre o roubo, em um possível acordo que incluiria a devolução dos bens roubados.

Os promotores acrescentaram que não podem dar mais informações antes da próxima sessão do julgamento, agendada para a próxima terça-feira.

Seis homens estão sendo julgados em Dresden desde janeiro, acusados de formação de quadrilha, roubo e incêndio criminoso em 25 de novembro de 2019. Os indivíduos, de nacionalidade alemã, foram acusados de furto de joias com valor total de pelo menos 113,8 milhões de euros (R$ 640 milhões).

Ao todo, as peças roubadas continham mais de 4.300 diamantes. 

O caso chamou atenção pela audácia e rapidez dos ladrões. Na madrugada de 25 de novembro de 2019, criminosos entraram no museu para roubar joias do século 18. 

Roubo em questão de minutos

O roubo aconteceu por volta das cinco horas da manhã. Os ladrões cortaram uma grade de metal e quebraram uma janela para entrar no antigo palácio residencial. Imagens de câmeras de segurança divulgadas pela polícia de Dresden após o roubo mostram dois suspeitos entrando na sala.

Eles então quebram uma vitrine de vidro com um machado e pegam três conjuntos de joias do século 18. Tudo durou alguns minutos.

Quando a polícia chegou ao local, minutos após o alarme ter sido acionado pelo pessoal de segurança, os ladrões haviam fugido de carro, que mais tarde foi encontrado incendiado. Antes disso, eles provavelmente atearam fogo em uma caixa de força, o que causou a queda de energia e apagou as lâmpadas da rua. 

De acordo com imagens divulgadas pelas autoridades, as peças roubadas incluíam joias como botões e abotoaduras e uma espada incrustada de diamantes, além de um conjunto de joias que pertenceram a uma rainha da Saxônia, Amalie Auguste, do século 19. Outro item roubado foi o famoso Diamante Branco de Dresden, de 49 quilates.

Imediatamente após o crime, uma equipe de 20 pessoas com o codinome "Epaulette" − em homenagem a uma ombreira ornamentada, um dos itens roubados − iniciou as investigações.

Coleção de grande prestígio

O museu Grünes Gewölbe, situado no Castelo de Dresden, abriga uma das maiores coleções de tesouros da Europa. Ele foi fundado entre 1723 e 1729 por Augusto, o Forte, para exibir publicamente sua coleção de tesouros, tornando-o um dos museus mais antigos do mundo.

Uma das atrações turísticas mais populares da cidade, o museu tem cerca de 3 mil peças em exposição. Ele foi danificado durante a Segunda Guerra Mundial e, no final do conflito, a coleção foi levada para a União Soviética, só sendo devolvida a Dresden em 1958.

O historiador de arte Ulli Seegers, ex-chefe da filial alemã do Art Loss Register, que coleta relatos mundiais sobre o desaparecimento de objetos de arte, seja por roubo ou confisco, disse à DW em uma entrevista de 2019 que os museus sempre correm o risco de perder partes sua coleção.

"É preciso pesar com muito cuidado o que é o interesse público e como podemos proteger esses tesouros de valor irrecuperável tanto quanto possível", afirmou.

Compromissos são necessários, disse, mas, em última análise, "onde quer que você deixe as pessoas entrarem e permitir que o público participe, sempre há um risco". De acordo com Seegers, a cota de esclarecimento de roubos de joias é ainda mais baixa do que a de obras de arte.

md (Reuters, AP, DPA)