Planos dos EUA contra Iraque preocupam governo e oposição na Alemanha
18 de fevereiro de 2002A Alemanha "não pode imaginar que o governo americano esteja interessado em aventuras", disse o porta-voz do governo alemão, Uwe-Karsten Heye. Da mesma maneira como a Alemanha, também os Estados Unidos têm um interesse em preservar a coalizão internacional contra o terrorismo, por isto ela não deve ser prejudicada por um "debate teórico" sobre uma possível ampliação das ações antiterror, acrescentou o porta-voz do governo de Berlim.
Na opinião do ministro alemão das Relações Exteriores Joschka Fischer, não existem ainda planos concretos do governo americano, mas apenas uma "discussão, que se intensifica e que vemos com preocupação".
Fischer afirmou a necessidade de uma "pressão contínua" sobre o Iraque, a fim de que o país cumpra as resoluções da ONU, entre as quais, a aceitação de inspetores internacionais de armamentos. O cumprimento das sanções das Nações Unidas é de interesse do Iraque e do governo de Saddam Hussein, disse Joschka Fischer.
Provas de envolvimento com o terror
O coordenador da cooperação teuto-americana no Ministério alemão das Relações Exteriores, Karsten Voigt, conclamou os Estados Unidos à apresentação de provas do envolvimento do Iraque nos atentados de 11 de setembro, antes de iniciar qualquer nova ação militar contra o país árabe. Em entrevista a uma emissora alemã de televisão, Voigt afirmou existir, também nos Estados Unidos, "uma discussão interna diferenciada" sobre uma possível intervenção militar no Iraque.
O político social-democrata conclamou os demais países da aliança antiterrorismo a não se limitarem a criticar os EUA, mas a apresentarem também propostas alternativas para uma solução do problema. Pois, afinal, o Iraque tenta possuir armas de extermínio em massa de todas as maneiras, disse Voigt.
Ameaça à coesão da OTAN
Também uma parte dos políticos oposicionistas alemães mostram-se preocupados com o desenvolvimento nos Estados Unidos. O presidente do Partido Liberal Democrático (FDP), Guido Westerwelle, instou o governo alemão a organizar a resistência européia contra possíveis novos planos de guerra dos Estados Unidos.
Segundo ele, a Europa precisa demonstrar uma posição coesa. Westerwelle reiterou o seu apreço pelos EUA. "Mas, se o presidente americano declara três países publicamente como alvos de ataques, isto tem de suscitar a resistência dos europeus, pois esta ação isolada cria grande ameaça à coesão da OTAN", acrescentou o líder liberal.
Alguns políticos da União Democrática Cristã (CDU) também fizeram críticas explícitas à política externa dos Estados Unidos. O líder da bancada democrata-cristã na Assembléia Legislativa do Estado do Sarre, Peter Hans, manifestou a impressão de que o governo americano trata os políticos alemães, no momento, como "simples marinheiros, cuja opinião não precisa ser ouvida".
Doris Pack, deputada democrata-cristã alemã no Parlamento Europeu, assinalou que a promessa de fidelidade à aliança antiterrorismo, depois dos atentados de 11 de setembro, não pode levar a que "sejam simplesmente acatadas todas as declarações feitas pelos Estados Unidos".