Plano de guerra enfrenta resistência interna
8 de novembro de 2001O chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, e o ministro do Exterior, Joschka Fischer, fizeram apelos dramáticos e advertências hoje, no Parlamento, em Berlim, ao encaminharem, para votação na semana que vem, o plano de mobilização de 3.900 soldados para apoiar os Estados Unidos na guerra no Afeganistão. O presidente do Partido Social Democrático (SPD), Schröder, e o ministro do Partido Verde advertiram que uma rejeição do plano militar implicaria conseqüências graves para a aceitação internacional da Alemanha, a segurança nacional e a coalizão internacional antiterror. A ação conta com apoio da oposição e resistência de esquerdistas e pacifistas da coalizão governamental.
A incerteza de uma maioria própria para aprovar o plano militar, sobretudo por causa da resistência entre os verdes, também ameaça a coalizão governamental alemã formada em 1998. O ministro do Exterior abandonou, de forma abrupta, uma reunião da bancada dos verdes ontem à noite, em Berlim, por causa de manifestações extremamente críticas a uma participação direta da Alemanha na luta contra o regime talibã e a organização terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden. Fischer disse na ocasião que não está pregado na cadeira de ministro, dando margem a interpretações de que poderia renunciar ao posto e com isso abalar a coalizão de governo.
Apoio oposicionista - No debate que se seguiu à declaração de governo hoje no Parlamento, oradores da oposição democrata-cristã (CDU), social-cristã (CSU) e liberal (FDP) prometeram votar a favor, o que poderá garantir a aprovação do plano para a luta antiterror. A oposição conservadora exigiu, todavia, que a operação militar seja reduzida de um ano para seis meses. Só o partido neocomunista PDS confirmou sua rejeição total. Assim como os céticos social-democratas e verdes, os pós-comunistas acusam o governo de querer acompanhar cegamente os EUA e não acreditam que a guerra elimine o terrorismo.
Motivos - Schröder citou vários motivos para o Parlamento mostrar determinação no apoio aos EUA, aprovando com grande maioria o envio de soldados e equipamentos para a luta antiterror. Destacam-se entre eles, retribuição da solidariedade americana durante décadas, depois da Segunda Guerra Mundial, como dever resultante da auto-estima dos alemães; reação aos atentados de 11 de setembro em Nova York e Washington, porque atacaram também os valores da sociedade alemã; e expressão da crescente responsabilidade alemã no mundo.
O chefe de governo destacou que a ação de 3.900 soldados na guerra contra o terrorismo implica riscos, mas não seria uma estratégia qualquer e sim a defesa de interesses próprios e proteção dos valores democráticos. O ministro Fischer advertiu que deixar os EUA sozinhos seria um erro fatal, com conseqüências graves para a Alemanha, tanto no âmbito interno quanto no cenário internacional. Os partidos social-demoacrata e verde têm uma maioria de 16 votos no Parlamento e Schröder e Fischer querem convencer todos a votarem a favor do destacamento militar na próxima semana. Pelas críticas feitas na reunião dos verdes ontem à noite, deduziu-se que os votos contra na bancada cheguem a 15.