Pforzheim, capital da ourivesaria
8 de fevereiro de 2008A "cidade dos três vales", como Pforzheim também é conhecida devido à confluência dos rios Würm, Nagold e Enz em seu perímetro urbano, deveu sua riqueza nos primórdios à madeira transportada através das águas pelos romanos.
O povoado romano "Portus" havia sido erigido no local em 90 d.C., enquanto o nome "Pforzheim" foi citado pela primeira vez em 1067, num documento do imperador Henrique 4º.
A cidade, que nos séculos 15 e 16 viveu o apogeu de sua prosperidade, foi incendiada várias vezes por tropas francesas durante a Guerra dos Trinta Anos. Destruição semelhante se repetiria na Segunda Guerra Mundial: um ataque aéreo de 22 minutos em 23 de fevereiro de 1945 devastou todo o centro da cidade, causando a morte de quase 20 mil pessoas.
Ainda hoje, a cidade de 120 mil habitantes traz seqüelas do bombardeio. Parte dos escombros foram removidos para o monte Wallberg, que assim "cresceu" 40 metros, passando a ter uma altitude de 417 metros. Em seu topo, placas e colunas lembram o terror das bombas.
Escola e fábrica de jóias e relógios
A designação "goldstadt" (cidade do ouro) acompanha Pforzheim desde 1767, quando o margrave Carlos Frederico de Baden ordenou a abertura de uma fábrica de relógios de bolso num orfanato situado num antigo convento dominicano. No mesmo ano, passariam a ser feitas ali também jóias e artigos de cutelaria.
Em 1768, foi aberta na cidade a primeira escola técnica profissional do mundo, oferecendo a formação de ourives e de fabricantes de relógios.
Por ser ponto de passagem nas rotas do leste em direção à França e do norte para a Suíça, não demorou para que ali se instalassem redes de fabricantes, fornecedores e comerciantes, oferecendo infra-estrutura para a expansão da indústria manufatureira de jóias na cidade, localizada entre Stuttgart e Karlsruhe. Com o passar do tempo, a cidade passou a ser referência em termos de design, high-tech e qualificação de mão-de-obra para o setor.
Hoje, 80% das jóias exportadas pela Alemanha são produzidas em Pforzheim. Muitas delas chegam aos balcões das lojas com etiquetas conhecidas mundialmente, como Chopard, Dior, Cartier ou Rolex. Os donos das manufaturas de Pforzheim preferem não tocar neste assunto, temendo represálias das grandes marcas de Paris, Milão ou Genebra que assinaram a encomenda.
Atualmente, a cidade concentra 300 das 390 empresas da indústria alemã de ourivesaria e de artigos de prata, disse o empresário Alfred Schneider, diretor do museu e centro comercial Schmuckwelten ("mundos das jóias") em uma entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung.
Dicas de passeios e compras
Toda esta história e as preciosidades fabricadas em Pforzheim podem ser descobertas pelo turista num passeio pela cidade ou nos museus dos próprios fabricantes. Dois lugares, no entanto, merecem citação: o Museu da Jóia (Schmuckmuseum im Reuchlinhaus), que apresenta cinco mil anos de história, com uma ampla variedade de jóias usadas da Antigüidade até hoje.
Imperdível também o complexo Schmuckwelten, no centro da cidade. Nos seus quatro mil metros quadrados, podem-se acompanhar os processos de fabricação de uma jóia, como a fundição do ouro, a lapidação de pedras preciosas, ou participar de oficinas e seminários. Em seu museu, há uma mostra de cinco mil minerais e uma exposição sobre origem, exploração e manufatura de ouro, prata, pérolas e outros materiais preciosos.
A variedade de preços e produtos atrai milhares de turistas a cada semana à cidade. Luxo e requinte não faltam nos "mundos das jóias", seja o Porsche folheado a ouro (invendível) ou o colar de pérolas rosas e negras, ao preço de 16.500 euros. (rw)