Para os jovens é mais fácil se tornar alemão em Berlim
30 de abril de 2006O estudante Nasr El-Nasr sabe perfeitamente porque precisa de um passaporte alemão. Afinal, de outra maneira, ele dificilmente alcançará sua meta de ser eleito chanceler federal em 2030.
Sua foto é apenas uma entre as 15 que constam do folheto distribuído pela prefeitura de Berlim. Em forma de passaporte, ele visa encorajar jovens residentes estrangeiros a requerer a cidadania alemã.
Ideologia x vida real
Na Alemanha, os Estados federados é que decidem sobre a concessão da nacionalidade alemã. E podem decidir quão estritamente interpretar os regulamentos.
A cidade-estado de Berlim, por exemplo, é bastante rigorosa. Todo requerente precisa provar suficientes conhecimentos do idioma nacional e o Departamento de Defesa da Constituição confere seus antecedentes. Por outro lado, a capital não está muito entusiástica com os testes e questionários de cidadania adotados pelos estados de Baden-Württemberg e Hessen.
"Minha impressão é que boa parte da discussão sobre a cidadania não está nos levando a qualquer resultado pragmático", declara Günther Piening, encarregado de Integração e Migração na capital. "A preocupação parece antes servir certos campos ideológicos. Berlim, por sua vez, se ocupa com exemplos da vida real".
Exemplos reais
Utilizando 15 desses "exemplos reais" – os destinos e razões de rapazes e moças imigrantes –, a prefeitura espera inspirar um maior número de seus residentes estrangeiros, em especial os jovens, a se naturalizar alemães.
Um procedimento mais liberal visa facilitar as coisas para o público-alvo: a partir dos 16 anos de idade, é possível se candidatar sem a permissão dos pais. E, até os 23 anos, os candidatos não precisam provar independência financeira.
As razões para promover a cidadania são óbvias, declara Irma Noack, vinda para Berlim na década de 80, como refugiada da Bósnia. "Se as pessoas querem fazer parte dessa sociedade, é importante que tenham todos os direitos e responsabilidades condizentes. E isso inclui a nacionalidade."
Meios de influenciar o ambiente
Funda Gemüsdag – com 23 anos e planos de tornar-se professora – concorda. Ela não tem os mesmos problemas de identidade que seus avós, vindos da Turquia nos anos 60. Funda nasceu e cresceu na Alemanha e o alemão é sua língua. Com o passaporte, ela pretende dispor de recursos para influenciar o meio em que vive.
"Acima de tudo, sou uma berlinense, e quero ter os mesmos direitos e responsabilidades que meus amigos alemães, quer se trate do direito a voto ou de me envolver politicamente", afirma Gemüsdag.
"Abre-te Sésamo!"
Para o ganense Isaac Obeng-Asamoah, de 18 anos, ter um passaporte alemão é o equivalente à fórmula mágica "Abre-te Sésamo!". "Com ele, você pode viajar para o país que quiser, não tem problemas para entrar num esquema de treinamento profissional. O passaporte alemão lhe dá a oportunidade de resolver todos os seus problemas". A família de Isaac refugiou-se em Berlim há 16 anos.
Mesmo não conseguindo resolver todos os seus problemas, ele e outros passariam de residentes a cidadãos alemães. E é esta a meta da campanha da prefeitura de Berlim: transferir as pessoas das margens da sociedade para o centro, onde possam participar da democracia.
E isso não se aplica a uma modesta minoria. Nas metrópoles do país, o número dos elegíveis para a naturalização chega a até 30% da população.