Para chegar às quartas, Alemanha precisa de vitória inédita contra Argélia
30 de junho de 2014Passados 32 anos, a Argélia tem a oportunidade de vingar a seleção de 1982, enfrentando a Alemanha pelas oitavas de final da Copa do Mundo, nesta segunda-feira (30/06), em Porto Alegre. Após uma vitória sobre os alemães naquela Copa da Espanha, os argelinos acabaram eliminados depois do "jogo de compadres" entre Alemanha e Áustria – conhecido como a "Vergonha de Gijón".
"Os jogadores [argelinos] sequer tinham nascido naquela época. Para nossos jogadores, o tema vingança não é problema. Quando leio que esse jogo é movido por vingança, fico irritado", disse o treinador alemão, Joachim Löw.
Apesar do franco favoritismo da Alemanha para este confronto, Löw tratou de abafar os ânimos na coletiva de imprensa que antecedeu o reconhecimento de gramado e o último treino antes da partida. "Se alguém acredita que nosso adversário seja mais fraco e que já pode focar na próxima rodada, está cometendo um grave erro", alertou o treinador.
Löw sabe do que está falando. Alemanha e Argélia enfrentaram-se apenas duas vezes na história, e em ambas, os tricampeões mundiais eram favoritos e sucumbiram. Num amistoso, na capital argelina, em 1964, deu 2 a 0 para a Argélia, além da já mencionada partida na Copa de 1982, quando a Argélia venceu por 2 a 1.
Para quebrar esse tabu, Löw não poderá contar com Lukas Podolski, que sofreu uma fisgada muscular na coxa e está fora dos treinamentos pelos próximos três a quatro dias. Além disso, Jérôme Boateng, com dores no joelho, treinou separado do grupo, mas deve ir para o jogo.
Entretanto, o principal tema de discussão tem sido os volantes Bastian Schweinsteiger e Sami Khedira. Contra os Estados Unidos, Schweinsteiger começou jogando, e Khedira, que foi titular nas duas primeiras partidas, fugiu da polêmica: "O treinador tem que decidir o que é melhor para a equipe".
A tendência é que a rotatividade na posição de segundo-volante continue. Khedira recebeu uma pausa na última partida e deve voltar ao time titular. "Eu tinha que dar [o descanso]. Ele ficou um longo tempo contundido e, na verdade, é um pequeno milagre que esteja aqui", disse Löw sobre o volante do Real Madrid.
Com Khedira ou Schweinsteiger, o treinador acredita que, para a fase de mata-mat, a seleção alemã ainda precisa evoluir. "A Copa é uma maratona e não um sprint de 100 metros. A equipe precisa crescer na competição. E nós não chegamos ainda ao nosso limite. Mas o jogo no último terço do campo, o último passe, a finalização e a ocupação da grande área são detalhes que precisamos melhorar."
Sobraram elogios para o adversário desta segunda-feira. "Foram raras as equipes que vi defenderem com tanta veemência e que conseguem chegar com velocidade ao ataque", disse Löw.
Fato é que a Argélia é a melhor seleção africana no ranking da Fifa (22º) e quebrou alguns recordes nesta Copa: alcançou pela primeira vez as oitavas de final e, com a vitória por 4 a 2 contra a Coreia do Sul, tornou-se a primeira seleção africana a marcar quatro gols numa partida de Copa do Mundo.
"Não estamos no Brasil para fazer turismo. Sempre vamos dar o nosso melhor para ir o mais longe possível na competição. É futebol, nada está planejado de antemão", disse o zagueiro e capitão das "Raposas do Deserto", Rafik Halliche.
Em caso de vitória argelina, a Copa do Mundo poderá ter um confronto com clima caseiro nas quartas de final. Isso porque o adversário sai de França e Nigéria, e, dos jogadores da seleção argelina, 17 nasceram na França, mas optaram por defender a bandeira do país de seus antepassados.
Prováveis escalações
Alemanha: Manuel Neuer; Jérôme Boateng, Mats Hummels, Per Mertesacker e Benedikt Höwedes; Sami Khedira (Bastian Schweinsteiger), Philipp Lahm, Toni Kroos; Mesut Özil, Mario Götze e Thomas Müller. Técnico: Joachim Löw.
Argélia: Rais M'bolhi; Aissa Mandi, Rafik Halliche, Essaid Belkalem (Madjid Bougherra) e Djamel Mesbah; Carl Medjani, Nabil Bentaleb, Yacine Brahimi, Sofiane Feghouli, Abdelmoumene Djabou; Islam Slimani. Técnico: Vahid Halihodzic.
Local
Estádio Beira-Rio, Porto Alegre.
Arbitragem
Sandro Meira Ricci (Brasil), auxiliado por seus compatriotas Emerson de Carvalho e Marcelo van Gasse.
Destaques
Alemanha
Thomas Müller: Artilheiro da última Copa do Mundo com cinco gols, Müller já balançou as redes quatro vezes no Brasil. O versátil atacante do Bayern de Munique provou ser uma melhor opção no ataque do que o centroavante Miroslav Klose. Além de, com 24 anos de idade, ser 12 anos mais jovem que o colega, Müller sai da área, movimenta-se mais e pode entrar em rotação de posições com Mario Götze.
Argélia
Islam Slimani: O atacante do Sporting de Portugal é o grande responsável pela classificação inédita às oitavas de final. Na derrota contra a Bélgica, ele entrou apenas no final da partida, mas contra a Coreia do Sul e a Rússia foi titular. Na goleada por 4 a 2 contra os asiáticos, Slimani marcou o primeiro gol e deu a assistência para o terceiro do confronto. Já contra a Rússia, ele marcou gol do empate, que garantiu essa vaga inédita.
Retrospecto
Alemanha e Argélia enfrentaram-se apenas duas vezes, e, acreditem se quiser, foram duas vitórias da seleção africana. Num amistoso em 1964, na capital argelina, o resultado foi de 2 a 0 para o time da casa. E na Copa do Mundo de 1982, na cidade espanhola de Gijón, a Argélia venceu por 2 a 1 na fase de grupos.
Último confronto
Foi justamente o único confronto em Mundiais. Em junho de 1982, em Gijón, na Espanha, a Argélia venceu por 2 a 1, com gols de Rabah Madjer e Lakhdar Belloumi. Karl-Heinz Rummenigge descontou para a Alemanha.