Palestinos retomam coordenação com Israel
17 de novembro de 2020A Autoridade Palestina, presidida por Mahmoud Abbas, vai retomar a coordenação de segurança com Israel, suspensa desde maio, informou um ministro palestino nesta terça-feira (17/11).
"Em virtude dos contatos internacionais de Mahmoud Abbas [...] e considerando os compromissos escritos e orais dos israelenses, vamos retomar as relações como elas estavam em 19 de maio de 2020", declarou o ministro palestino de Assuntos Civis, Hussein al-Sheikh, em referência à data de suspensão desses acordos.
Abbas justificou o fim da coordenação de segurança em maio, em protesto contra um projeto israelense – atualmente suspenso – para anexar áreas da Cisjordânia, território palestino ocupado pelo exército israelense desde 1976.
O líder palestino disse então que seu governo não se sentia mais obrigado a cumprir "todos os seus acordos e entendimentos com os governos dos Estados Unidos e de Israel, e todas as suas obrigações com base nessas ententes e nesses acordos, incluindo aqueles relativos à segurança".
A decisão teve um impacto importante, por exemplo, sobre a organização de transferência de pacientes palestinos para hospitais israelenses.
Ao interromper sua coordenação com Israel, a Autoridade Palestina também parou de receber transferências de taxas, especialmente alfandegárias, cobradas por Israel e que são posteriormente repassadas.
Privada de sua renda, a Autoridade Palestina teve que cortar o salário de seus servidores públicos, justamente num momento em que a economia palestina está paralisada devido à pandemia de covid-19. As receitas fiscais são estimadas em 200 milhões de dólares por mês. Esses impostos representam 63% da receita pública da Autoridade Palestina.
O ministro Al-Sheikh não especificou se a retomada das relações com Israel ao ponto em que estavam antes de 19 de maio também significaria o retorno das transferências de taxas à Autoridade Palestina.
O anúncio ocorre às vésperas da chegada a Israel do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo.
Desenvolvida no âmbito dos Acordos de Oslo, de 1995, a cooperação em assuntos de segurança tornou-se um dos pilares da estabilidade na região, passando a incluir o intercâmbio de informação sobre potenciais ataques contra israelenses, atividades do movimento radical islâmico Hamas contra a Autoridade Palestina ou a coordenação para que autoridades palestinas possam circular com maior facilidade entre diferentes zonas do território.
JPS/lusa/afp