1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaHungria

Oposição húngara define candidato único para enfrentar Orbán

17 de outubro de 2021

Processo de prévias inédito no país escolheu político conservador que era o mais bem posicionado nas pesquisas contra o atual primeiro-ministro. Candidata da esquerda reconhece derrota e pede que oposição siga unida.

https://p.dw.com/p/41nFN
Imagem mostra Peter Marki-Zay discursando, de perfil
Peter Marki-Zay ganhou notoriedade em 2018 ao ser eleito prefeito em reduto eleitoral de OrbánFoto: ATTILA KISBENEDEK/AFP/Getty Images

Seis partidos da oposição na Hungria concluíram neste domingo (17/10) um processo de prévias unificadas para escolher o candidato que desafiará o primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orbán na próxima eleição nacional, em abril de 2022.

O vitorioso foi o conservador Peter Marki-Zay, que superou no segundo turno das prévias a esquerdista Klara Dobrev, do partido Coalizão Democrática e vice-presidente do Parlamento Europeu.

Com 60% dos votos apurados na noite deste domingo, Marki-Zay tinha recebido 58% dos votos. Antes da conclusão da apuração, Dobrev parabenizou Marki-Zay, prometeu se empenhar para apoiá-lo e pediu que a oposição siga unida.

"Queremos uma Hungria nova, mais limpa e honesta, e não apenas substituir Orbán ou seu partido", disse Marki-Zay em seu discurso de vitória das prévias. "De agora em diante, apoio Peter Marki-Zay", afirmou Dobrev.

A aliança entre as seis legendas foi criada no ano passado, em uma estratégia para unir forças contra Orbán e seu partido Fidesz, que domina o Parlamento húngaro desde 2010 e é beneficiado pelo sistema eleitoral de turno único.

É a primeira vez que a Hungria realiza prévias para a escolha de candidatos. O processo que envolveu os seis partidos da aliança de oposição foi realizado em dois turnos. O primeiro havia ocorrido em setembro.

Além de definir quem irá liderar a aliança de oposição, as prévias escolheram candidatos comuns em cada um dos 106 distritos eleitorais do país para enfrentar o Fidesz.

Pesquisas mostram disputa acirrada

Pesquisas de opinião têm apontado empate entre a aliança de oposição e o Fidesz, e indicaram que Marki-Zay tinha mais chances do que Dobrev para derrotar Orbán em 2022.

Marki-Zay tem 49 anos e ganhou projeção em 2018, quando foi eleito prefeito de Hódmezöváráshely, uma pequena cidade que costumava ser reduto eleitoral do Fidesz. Católico, ele tem sete filhos e é formado em economia, marketing e engenharia.

Em foto interna, Klara Dobrev fala
Dobrev, candidata da esquerda, é casada com um ex-primeiro húngaro que divide o paísFoto: ATTILA KISBENEDEK/AFP

Durante a campanha nas prévias, Marki-Zay buscou se apresentar como uma escolha palatável tanto para os eleitores de esquerda como para os conservadores, e disse que Dobrev não teria chances de derrotar Orbán. A candidata da esquerda é esposa do ex-primeiro-ministro húngaro Ferenc Gyurcsany, cujo legado divide a política local.

Marki-Zay havia ficado em terceiro lugar no primeiro turno das prévias, mas conseguiu convencer o primeiro colocado – o atual prefeito de Budapeste, o liberal Gergely Karacsony – a abrir mão da disputa e apoiá-lo no segundo turno contra Dobrev.

"Ela [eleição] é sobre se seremos livres. Sobre se a Hungria seguirá sendo um país europeu ou se irá afundar. Se irá se perder e se voltar ao leste, tornando-se uma ditadura corrupta", disse Marki-Zay em uma coletiva de imprensa na semana passada.

Imagem conservadora funcional contra Fidesz

A imagem de pai de família e católico de Marki-Zay tem aderência com a ideologia promovida por Orbán, e torna mais difícil para o Fidesz a tarefa de atacá-lo.

O partido de Orbán, que promove políticas anti-imigração e contra direitos LGBT, vinha tentando colar nos candidatos de esquerda a imagem de marionetes de Gyurcsany.

Marki-Zay prometeu colocar na cadeia os responsáveis pelo que ele descreveu como "roubo dos cofres públicos" e realizar um referendo para alterar a Constituição promulgada por Orbán em 2011. Ele também quer anular leis que ajudaram a consolidar o poder do atual primeiro-ministro, restaurar a autonomia dos governos locais e adotar o euro como moeda do país.

Segundo os organizadores, cerca de 800 mil pessoas participaram dos dois turnos das prévias, o que equivale a cerca de 10% do eleitorado do país, que tem 9,8 milhões de habitantes e faz parte da União Europeia.

bl (AFP, Reuters, Lusa)