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EducaçãoAfeganistão

Ocidente deve enviar um sinal claro ao Talibã

Waslat Hasrat-Nazimi
Waslat Hasrat-Nazimi
31 de março de 2022

Meninas excluídas da educação, mulheres proibidas de viajar sozinhas. O Talibã volta a mostrar sua face repressora. O Ocidente não pode simplesmente ignorar o que está acontecendo, opina Waslat Hasrat-Nazimi.

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Taliban ordnen die Schließung von Mädchenoberschulen in Afghanistan an
Desde setembro de 2021, meninas não podem frequentar escolas secundárias no AfeganistãoFoto: Ahmad Sahel Arman/AFP/Getty Images

Meninas chorando, professoras soluçando, apresentadores de notícias que não conseguem se controlar e deixam as lágrimas rolar. Quando o Talibã, em 23 de março, deixou de abrir as escolas para meninas a partir da sexta série, apesar dos anúncios anteriores em contrário, reinou choque, raiva e pesar. Durante meses, os talibãs deixaram o povo do Afeganistão e a comunidade internacional na espera.

Eles alegaram querer criar as condições necessárias para garantir a segurança das meninas e mulheres jovens. Tanto em conversações bilaterais quanto em declarações à mídia, o Talibã havia assegurado repetidamente que as meninas afegãs deveriam ter o direito à educação.

Durante 187 dias, as meninas no Afeganistão esperaram. Apenas um dia antes do início das aulas, o Talibã divulgou uma declaração de que as escolas seriam abertas a todos. Na manhã seguinte, veio a amarga constatação: as meninas ainda não tinham permissão de frequentar a escola por razões organizacionais − como se sete meses não tivessem sido suficientes para resolver isso. Por que esta volta de 180 graus?

Nenhum interesse em reconhecimento?

Muitos não devem ter se surpreendido que os objetivos do Talibã, ou pelo menos os dos adeptos da linha dura dentro do Talibã, ainda sejam os mesmos dos anos 90. Apesar do clamor das mulheres afegãs e das fortes críticas da comunidade internacional, o Talibã não está mostrando nenhuma sensatez. Em vez disso, impõem mais restrições. Por exemplo, mulheres agora não estão autorizadas a viajar dentro do país ou para o exterior sem parentes masculinos, e elas só podem ir aos parques nas cidades em dias determinados.

Homens sem barba e trajes tradicionais afegãos não podem mais trabalhar nos escritórios do governo afegão. A mídia nacional foi proibida de transmitir mídia estrangeira, incluindo a DW, porque supostamente transmitem conteúdo que desrespeita os valores islâmicos e afegãos. Parece que os Talibãs não se importam com a reação da comunidade internacional. No entanto, tem sido deixado repetidamente claro para eles que seu desrespeito aos direitos das mulheres impede seu reconhecimento internacional. Os Talibãs não estão mais interessados nisso?

A questão do reconhecimento internacional parece estar fora de cogitação. O Talibã não respondeu à exigência de abrir escolas para meninas imediatamente. Em vez disso, nos últimos dias, houve reuniões com representantes de alto nível da Rússia e da China em Cabul. Eles asseguraram um ao outro o apoio mútuo e boas relações. Seria conveniente para os dois poderosos parceiros do Talibã se Kabul rompesse completamente com o Ocidente. Eles esperam ter acesso aos ricos recursos do país pobre.

A China quer agora iniciar a mineração de cobre na mina Mes Aynak, no leste do país. O contrato já foi concluído em 2012, mas devido à situação de insegurança nada aconteceu. A China também quer exportar mercadorias do Afeganistão, um negócio multimilionário para o Talibã. A observância dos direitos da mulher ou da liberdade de imprensa não faz parte do acordo. Os vizinhos Irã e Paquistão, que são acusados de financiar o Talibã há anos, também não deixarão de apoiá-lo no futuro. Quem precisa do Ocidente então? Isso é suficiente para os islamistas radicais?

O Ocidente deve agir

A janela da oportunidade de o Ocidente exercer influência sobre o Talibã está quase, mas não totalmente, fechada. Acima de tudo, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos devem agir rápida e efetivamente contra a recaída do Afeganistão em condições como há mais de 20 anos. As sanções contra o Talibã e suas famílias no Qatar e no Paquistão, assim como as restrições de viagem, são o mínimo que podem fazer. Palavras vazias e lamentações não são suficientes.

Pode ser que os Estados ocidentais tenham perdido o Afeganistão de vista. Mas a história tem mostrado que não é possível ignorar o Afeganistão. Caso contrário, os cadáveres que o Ocidente enterrou no quintal amanhã se erguerão da terra e baterão à porta novamente. O medo de que o Afeganistão se torne novamente um refúgio para terroristas não é infundado. O terrorismo não conhece fronteiras e não vai parar às portas da Europa. Após 20 anos de operações fúteis no Afeganistão, o Ocidente não deve permitir que a história se repita.

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A jornalista Waslat Hasrat-Nazimi fugiu do Afeganistão para a Alemanha com a família quando criança e hoje é chefe da redação afegã da DW. 

O texto reflete a opinião pessoal da autora, e não necessariamente da DW.