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Opinião: Suspense no ano eleitoral na Alemanha

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Jens Thurau
20 de fevereiro de 2017

Em 2017, os alemães têm grande chance de ter eleições de verdade, entre dois candidatos a chanceler apresentáveis. Um bom sinal no momento em que, em outras partes do mundo, a democracia é atacada, opina Jens Thurau.

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Jens Thurau é jornalista da DW
Jens Thurau é jornalista da DW

Pouco a pouco vai caindo a ficha de que este será um ano eleitoral de alto suspense na Alemanha. Segundo a pesquisa semanal de intenção de voto encomendada pela edição dominical do tabloide Bild, o Partido Social-Democrata (SPD) está, pela primeira vez em uma década, à frente de sua atual parceira de coalizão União Democrata Cristã (CDU). Ou seja, a sigla de Angela Merkel está ao alcance da concorrência social-democrata – não mais a anos-luz de distância, como ainda poucas semanas atrás.

Por estes dias, os líderes social-democratas portam no rosto aquela expressão de leve júbilo característica de quem desejou durante muito tempo algo que parecia inalcançável, e que agora mal pode acreditar que a coisa seja sequer possível. Claro, enquetes não são eleições, o grande teste para o SPD será no segundo semestre, sobretudo quando a população votar no estado da Renânia do Norte-Vestfália.

Leia a cobertura completa sobre a eleição na Alemanha em 2017

No entanto, a se crer nos estatísticos, o candidato Martin Schulz acaba de curar aquela doença crônica dos social-democratas chamada falta de mobilização. Parece haver mesmo no país muitos cidadãos que não romperam definitivamente com o SPD. E muitos que, apesar de não considerar uma catástrofe que Merkel continue governando, nada teriam contra uma mudança, caso venha alguém realmente capaz de assumir a Chancelaria Federal. Há até algumas semanas era inconcebível, mas parece que esse político existe.

A populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) deve também estar bastante atônita com os acontecimentos. Seja como for, seus 9% da intenção de voto estão bem longe de um triunfo. É possível que para grande parte dos fãs potenciais da AfD, o radical Björn Höcke tenha se tornado excessivamente desagradável, depois de ter tachado de "vergonha" o Memorial de Holocausto e estar (talvez) prestes a ser expulso do partido.

Acima de tudo, porém, Washington está demonstrando aos eleitores alemães o que acontece quando húbris e afetações de cidadania indignada, xenofobia e nacionalismo assumem o poder. Será que hoje a AfD ainda dirigiria a Donald Trump parabéns tão eufóricos, como após a vitória dele?

Este ano eleitoral poderá ser igualmente bem amargo para os verdes da Alemanha: o partido ambientalista conta com aproximadamente 7% do eleitorado, seu pior resultado em nove anos, segundo o Forsa. Um declínio que tem motivos diversos.

Pretendia-se a consulta aos membros da legenda sobre os dois principais candidatos eleitorais como uma guinada de democracia de base. No entanto quem ganhou foram Katrin Göring-Eckardt e Cem Özdemir, já conhecidos dos alemães há anos, num resultado pouco inovador, provavelmente até mesmo para os verdes.

De resto, o Partido Verde mantém todas as opções em aberto, seja uma coalizão com o SPD e A Esquerda ou com os conservadores de Merkel. Mas esse é um malabarismo político bem extremo: o que o eleitor pode esperar, se votar nos verdes? Não há como saber com certeza – por isso, 7% nas pesquisas de intenção de voto.

Certo está que a debilidade dos pequenos partidos é também o resultado de uma mudança do quadro político no país, em que ocorre uma concorrência verdadeira dos grandes grupos (entre os quais, no momento, conta novamente o SPD).

Independente do posicionamento político, em 2017 a Alemanha tem a grande chance de ter eleições de verdade, entre dois candidatos a chefe de governo apresentáveis, e que poderão trazer muitas surpresas. Um sinal nada mau neste momento em que, em outras partes do mundo, os líderes atacam a machadadas as regras básicas da democracia.