Primeiro voo
28 de julho de 2011A ponte aérea para a Somália é, na visão das Nações Unidas, a melhor maneira de levar comida para as milhões de pessoas que sofrem com a fome no país. O primeiro avião aterrissou nesta quarta-feira (27/07) em Mogadíscio, depois de atrasos causados pela burocracia no aeroporto de Nairóbi, capital do Quênia.
"É a maneira mais rápida de fazer a comida chegar até lá", disse Susannah Nicol, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, à agência de notícias alemã DPA. Esse é o primeiro de uma série de voos planejados para os próximos dias, mas ainda sem data exata para partir devido à necessidade de autorizações de pouso e decolagem.
Com o voo desta quarta-feira chegaram a Mogadíscio as primeiras dez toneladas de alimentos. O carregamento era destinado a atender as necessidades de crianças pequenas e incluía comida pronta para o consumo e rica em proteínas, calorias, vitaminas e nutrientes. A quantidade é suficiente para alimentar 3.500 crianças menores de cinco anos por até um mês.
A ONU pretende transportar mais de 100 toneladas de alimentos para a Somália nos próximos dias. Segundo Rose Ogola, do Programa Mundial de Alimentos da ONU, a população local depende quase que exclusivamente da ajuda internacional.
Brasil encaminha doações
A situação é especialmente dramática no sul do país, onde rebeldes da milícia Shebab impedem a ação da ONU. O chefe do escritório alemão do Programa Mundial de Alimentos, Ralf Südhoff, mostrou-se otimista. Em entrevista à emissora SWR, ele disse que as facções dos rebeldes estão permitindo o acesso dos funcionários da ONU às suas regiões de domínio.
O Brasil é um dos países que vão encaminhar doações para a região do Chifre da África. O governo brasileiro enviará 38 mil toneladas de gêneros alimentícios à Somália e mais 15 mil toneladas de alimentos a campos de refugiados na Etiópia, diz a nota do Ministério das Relações Exteriores divulgada nesta quinta-feira.
Segundo a ONU, nos últimos dias governos, empresas e pessoas doaram mais de 250 milhões de dólares para combater a fome no Chifre da África. Entre os principais doadores estão a Arábia Saudita, os Estados Unidos, o Japão e países europeus, mas a Austrália, o Brasil e o Canadá também contribuíram.
O Programa Mundial de Alimentos quer ampliar a ponte aérea para outras regiões da Somália. Voos com alimentos especiais para crianças subnutridas podem chegar em breve à área fronteiriça de Dollo, informou uma funcionária do programa. A partir de lá, os alimentos deverão ser levados para regiões afetadas pela seca. A ONU calcula que mais de 11 milhões de pessoas estejam sofrendo com a fome no Chifre da África.
AS/dpa/afp
Revisão: Augusto Valente