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ClimaÍndia

Onda de calor extremo mata pelo menos 25 na Índia

3 de maio de 2022

Temperaturas atípicas para a época do ano também vêm causando quedas de energia, incêndios em aterros sanitários e quebra da safra de trigo. No vizinho Paquistão, há risco de inundações devido ao degelo extremo.

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Trabalhadores usam seus capacetes para pegar água e se refrescar
Número de mortes por calor é o mais alto dos últimos cinco anos Foto: AMIT DAVE/REUTERS

A forte onda de calor que atinge a Índia matou pelo menos 25 pessoas por insolação desde o fim de março em Maharashtra, estado mais rico do país, cuja capital é Mumbai, informaram autoridades locais.

O número é o mais alto dos últimos cinco anos e considera-se provável que haja mais vítimas de insolação em outras partes do país, à medida que as temperaturas têm ultrapassado os 40 ºC, numa época em que não costuma fazer tanto calor na Índia. Muitas das mortes em Maharashtra ocorreram em áreas rurais.

No estado oriental de Odisha, as autoridades informaram que um homem de 64 anos morreu de insolação em 25 de abril e centenas de outros residentes receberam atendimento médico. Em Subarnapur, o distrito mais quente de Odisha, a temperatura máxima foi de 43,2 ºC nesta terça-feira (03/05).

Os cientistas associaram o início precoce de um verão intenso às mudanças climáticas e dizem que mais de 1 bilhão de habitantes da Índia e do vizinho Paquistão estão, de uma forma ou outra, vulneráveis ​​ao calor extremo.

"Antes do aumento das temperaturas globais, teríamos experimentado o calor que fez na Índia em abril cerca de uma vez a cada 50 anos", explica Mariam Zachariah, do Imperial College, em Londres. Agora, tal evento ocorre a cada quatro anos – e enquanto a emissão de gases de efeito estufa não for sustada, ele ocorrerá com ainda mais frequência, dizem os cientistas.

Ao ar livre, homem de bicileta parado em frente a muitos aparelhos de ar-condicionado , que parecem estar à venda
Com quedas de energia frequentes, mesmo quem pode comprar um ar-condicionado sofre com o calorFoto: Anushree Fadnavis/REUTERS

Quedas de energia

Com chuvas frias de monções previstas apenas para junho e quedas de energia cada vez mais frequentes em algumas partes da Índia, mesmo as famílias mais ricas, que podem comprar aparelhos de ar-condicionado, enfrentam o calor inclemente.

À medida que a demanda por energia aumenta, as empresas geradoras estão enfrentando escassez extrema de carvão, do qual o país é muito dependente. O governo pede que elas intensifiquem as importações.

Quebra na safra de trigo

A Índia é o segundo maior produtor de trigo do mundo, mas o calor intenso também deve diminuir a safra deste ano, após cinco anos consecutivos de recordes.

Nos estados de Punjab, Haryana e Uttar Pradesh, já houve uma queda de 10% a 35% na produção, devido à onda de calor precoce, conforme o jornal The Economic Times.

Mulher coleta trigo em um monte do grão
Em alguns estados, houve queda de 10% a 35% na produção de trigoFoto: Channi Anand/AP Photo/picture alliance

Março mais quente em 100 anos

A Índia registrou o mês de março mais quente em mais de um século, com a temperatura máxima em todo o país subindo para 33,1 ºC, quase 1,86 ºC acima do normal, de acordo com o Departamento Meteorológico da Índia. Muitas partes do norte, oeste e leste tiveram temperaturas acima de 40°C.

Alguns aterros sanitários pegaram fogo devido ao calor e ao acúmulo de gases, informou o corpo de bombeiros. Na capital, Nova Délhi, o aterro sanitário de Bhalswa – que cobre uma área de mais de 50 campos de futebol e tem uma pilha de detritos mais alta que um prédio de 17 andares – ficou em chamas por dias, cobrindo a área com fumaça tóxica. Algumas escolas tiveram que fechar. Crianças e idosos, em particular, apresentaram problemas respiratórios em razão dos gases, informou a emissora de TV India Today.

Paquistão alerta para inundações

No Paquistão, país vizinho da Índia, as autoridades alertaram para inundações devido ao rápido derretimento da neve nas montanhas Hindu Kush.

O governo local colocou em alerta a autoridade de defesa civil. De acordo com a ministra de Mudanças Climáticas do Paquistão, Sherry Rehman, a quantidade de chuva em 2022 foi menos da metade da dos anos anteriores.

le (Reuters, ARD)