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Onda de ataques russos deixa ao menos 23 mortos na Ucrânia

Publicado 28 de abril de 2023Última atualização 28 de abril de 2023

Ministro ucraniano diz que primeiros bombardeios em larga escala da Rússia em quase dois meses são resposta a iniciativas de paz. Zelenski promete reação a "terror russo".

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Edifício residencial em Uman, na região central da Ucrânia, em chamas após bombardeio russo
Ao menos dez pessoas foram mortas, entre elas duas crianças, após míssil russo atingir edifício residencial em Uman, na região central da UcrâniaFoto: Press service of the State Emergency Service of Ukraine via REUTERS

A Rússia realizou ataques aéreos contra várias cidades da Ucrânia na manhã desta sexta-feira (28/04), os primeiros bombardeios em larga escala em quase dois meses. Ao menos 23 pessoas foram mortas pelos mísseis disparados contra diferentes partes do país.

Os ataques ocorreram dois dias após um telefonema entre os presidentes da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e da China, Xi Jinping, e enquanto Kiev prepara o lançamento de uma contraofensiva para recuperar territórios controlados pelos russos, que deve incluir centenas de tanques e veículos blindados enviados pelo Ocidente.

"Os mísseis que mataram ucranianos inocentes enquanto dormiam, incluindo uma criança de dois anos, são a resposta russa a todas as iniciativas de paz", declarou através do Twitter o ministro ucraniano do Exterior, Dmytro Kuleba.

"Esse terror russo terá de enfrentar uma resposta justa por parte da Ucrânia e do mundo", afirmou Zelenski após os ataques.

Alvos civis atingidos

Em Uman, na região central do país, ao menos dez pessoas foram mortas, entre elas duas crianças, e nove foram hospitalizadas após um ataque atingir um edifício residencial, segundo informações do governo local.

Na cidade de Dnipro, no sudeste do país, um míssil atingiu uma casa e matou uma criança de dois anos e uma mulher de 31, informaram as autoridades. O ataque também deixou três feridos.

As Forças Armadas ucranianas disseram ter derrubado 21 de 23 mísseis lançados pelos russos.

Em Kiev, a defesa antiaérea destruiu 11 mísseis e dois drones, depois de mais de 50 dias desde os últimos ataques à cidade.

Em Ukrayinka, ao sul da capital, duas pessoas ficaram feridas. Explosões também foram registradas nas cidades de Kremenchuk e Poltava, no centro do país, e em Mykolaiv, no sul.

Não está claro qual era o objetivo dos ataques desta sexta-feira, embora infraestruturas civis venham sendo alvo recorrente dos russos – em particular, instalações de energia.

Armazém em Dnipro destruído por bombardeio russo
Armazém destruído por bombardeio russo em Dnipro Foto: Dnipropetrovsk Regional Military-Civil Administration/REUTERS

Moscou insiste em afirmar que não bombardeia deliberadamente alvos civis, apesar de seus ataques terem matado milhares de pessoas e devastado cidades ucranianas.

Kiev reitera que bombardeios a cidades distantes das frentes de batalha não têm propósito militar além de intimidar e ferir civis, o que implica em crimes de guerra.

Após uma ofensiva de inverno de Rússia resultar em poucos ganhos territoriais, a guerra parece ter chegado a uma encruzilhada.

O principal foco dos combates nos últimos meses tem sido a cidade de Bakhmut, no leste ucraniano, em meio às tentativas russas de capturar uma porção maior da região industrial do Donbass.

Moscou controla um amplo território no sul e sudeste da Ucrânia, além da Península da Crimeia, anexada ilegalmente pela Rússia em 2014.

"Punho de ferro"

O ministro ucraniano da Defesa, Oleksii Reznikov, afirmou nesta sexta que a Ucrânia está finalizando os preparativos para uma contraofensiva.

"Assim que houver a vontade de Deus, bom tempo e a decisão dos comandantes, daremos início", disse.

Kiev espera que suas investidas consigam mudar a dinâmica da guerra, que já dura 14 meses.

Reznikov destacou que a grande quantidade de equipamentos vinda do Ocidente inclui armamentos que deverão servir como um "punho de ferro" para as forças ucranianas.

Milhares de soldados ucranianos receberam treinamento no Ocidente sobre como operar esses equipamentos nas frentes de batalha.

rc/lf (AFP, Reuters, AP)