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O que é a febre oropouche, que gerou alerta da Opas

19 de julho de 2024

Organização Pan-Americana da Saúde alerta sobre possível transmissão do vírus da mãe para o bebê durante a gestação. Brasil registrou quase 7 mil casos de febre oropouche desde janeiro.

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Mulher leva as mãos à cabeça por causa de dor de cabeça
Dor de cabeça, febre repentina e rigidez articular estão entre os sintomas da doençaFoto: Yuri Arcurs/Imago Imges

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu nesta quinta-feira (18/07) um alerta epidemiológico em que informa seus Estados-membros sobre a identificação de possíveis casos de transmissão do vírus da febre oropouche da mãe para o bebê durante a gestação.

O alerta, feito a partir de casos que foram reportados no Brasil, recomenda o reforço da vigilância, diante da possível ocorrência de casos similares em outros países com a circulação do oropouche e outros arbovírus. Os casos ainda estão sob investigação.

Com nome científico de Oropouche orthobunyavirus (OROV), o vírus é transmitido principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, presente tanto em áreas silvestres como urbanas. O mosquito Culex quinquefasciatus, popularmente chamado de pernilongo ou muriçoca, também pode ocasionalmente transmitir o vírus.

O nome da febre deriva da região do rio Oropouche, em Trinidad e Tobago, onde o vírus foi detectado pela primeira vez, em 1955. Desde então, têm sido documentados surtos esporádicos em vários países das Américas, inclusive Brasil, Equador, Guiana Francesa, Panamá e Peru. Recentemente, foi observado um aumento da detecção de casos na região.

Entre janeiro e meados de julho de 2024, foram notificados cerca de 7.700 casos confirmados de oropouche em cinco países das Américas. O Brasil registra o número mais alto (6.976), seguido por Bolívia, Peru, Cuba e Colômbia.

A identificação de suspeitas de transmissão do vírus da gestante para o bebê ocorre no contexto desse aumento de casos notificados, segundo a Opas.

Mortes de fetos em investigação

De acordo com a organização, num caso recente, uma gestante residente em Pernambuco apresentou sintomas de oropouche durante a 30ª semana de gestação. Após a confirmação laboratorial da infecção, foi constatada a morte do feto. Um segundo caso suspeito foi relatado no mesmo estado: sintomas semelhantes foram observados numa gestante, resultando em aborto espontâneo.

"A possível transmissão vertical e as consequências para o feto ainda estão sendo investigadas", diz a Opas no alerta epidemiológico. "No entanto, esta informação é compartilhada com os Estados-membros para torná-los cientes da situação e, ao mesmo tempo, solicitar que estejam alertas para a possível ocorrência de eventos semelhantes em seus territórios”, acrescenta, com o objetivo de entender melhor essa possível rota de transmissão e suas implicações.

No Brasil, o Ministério da Saúde  também está investigando quatro casos de bebês que nasceram com microcefalia e apresentaram anticorpos para o vírus. Segundo a pasta, há indícios de transmissão vertical do vírus, mas ainda não permitem confirmar se a infecção durante a gravidez foi a causa das malformações neurológicas nos bebês e da morte dos fetos.

Nesta quarta-feira, a Opas emitiu diretrizes para ajudar os países na detecção e vigilância do oropouche para possíveis casos de infecção de mãe para filho, malformações congênitas ou morte fetal. A organização está trabalhando em estreita colaboração com os países onde os casos foram confirmados, para compartilhar conhecimento e experiência.

Sintomas da febre oropouche

Os sintomas da doença, conhecida como febre oropouche, incluem febre repentina, dor de cabeça, rigidez nas articulações, dores no corpo e, em alguns casos, fotofobia, náusea e vômito persistente, que podem durar de cinco a sete dias. Embora a apresentação clínica grave seja rara, ela pode evoluir para meningite asséptica. A recuperação total pode levar várias semanas.

Para controlar o oropouche, a Opas pede aos países da região que implementem medidas de prevenção e controle de vetores, incluindo fortalecimento da vigilância entomológica, redução das populações de mosquitos e outros insetos transmissores, e educação da população sobre medidas de proteção pessoal, especialmente de mulheres grávidas, para evitar picadas.

As medidas recomendadas incluem: proteger as residências com redes de malha fina em portas e janelas; usar roupas que cubram pernas e braços, especialmente em residências onde haja doentes; aplicar repelentes que contenham DEET, IR3535 ou icaridina; e usar mosquiteiros em camas ou móveis destinados ao descanso.

md/av (ots)