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O chapéu, a maçã, o cachimbo: a atualidade de Magritte

Julia Hitz ca
15 de fevereiro de 2017

Exposição em Frankfurt mostra como surrealista belga elevou formas simples a uma dimensão filosófica, o que o torna bastante atual e um dos elementos prediletos da cultura pop.

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"A traição das imagens" ("Isto não é um cachimbo"), de 1935, também intitula a exposição

Enquanto uma pintura de Salvador Dalí leva o observador a uma experiência onírica, os quadros de René Magritte possuem sempre um toque intelectual.

Agora os visitantes do espaço de exposições Schirn Kunsthalle, em Frankfurt, poderão observar 70 obras do surrealista belga, entre elas, pinturas bastante conhecidas como O doador feliz ou A traição das imagens, quadro ícone da arte moderna.

"Com sua inconfundível linguagem visual, René Magritte é um dos artistas mais populares e influentes do século 20", diz o diretor da Schirn Kunsthalle, Philipp Demandt.

A exposição em Frankfurt destaca a confrontação de Magritte com a filosofia. Seus quadros-palavras giram em torno da relação entre imagem e linguagem: A traição das imagens é o título da mostra, mesmo nome de uma das pinturas mais célebres do surrealista belga (famosa pela frase Ceci n'est pas une pipe ou Isto não é um cachimbo).

Com o confronto entre texto e imagem, Magritte formulou suas dúvidas sobre a representação visual da realidade, questionando fundamentalmente a percepção. Para o pintor, o nível da linguagem sempre foi importante: "Ao completá-la, um título justifica uma imagem."

Outras obras do artista questionam a invenção e a definição da pintura. Os métodos quase científicos perseguidos por Magritte mostram que o pintor não era um homem de respostas simples.

E ele nutria suspeitas frente ao realismo simplista. O objetivo declarado dos surrealistas era abalar experiências, pensamentos e visões corriqueiras. 

Considerado o principal representante do surrealismo belga, Magritte foi ao encontro dessa pretensão de seus colegas de estilo com uma grande porção de ironia. Ele não dava importância a profecias e visões. Ele não se via, em primeira linha, como um artista, mas como "um ser humano pensante que pinta." Mais tarde, o pintor belga se ocupou intensamente dos filósofos alemães Hegel e Heidegger e do francês Maurice Merleau-Ponty.

Na cultura pop

Chapéu, maçã, cortina: o imaginário de René Magritte se apresenta, muitas vezes, em formas simples e, por isso, pode ser facilmente reconhecido. Isso fez com que essa linguagem visual se tornasse, posteriormente, um dos elementos prediletos da cultura pop. Algo que é até hoje.

Ausstellung Schirn Kunsthalle Frankfurt Magritte
René Magritte (1898-1967) se achava "um ser humano pensante que pinta"Foto: © Duane Michals, Courtesy of DC Moore Gallery, New York

Na internet, especialmente nas redes sociais, as imagens bem-sucedidas são aquelas facilmente compreensíveis e que podem ser facilmente trabalhadas. Isso também se aplica aos motivos aparentemente simples de Magritte.

Sob a hashtag #renemagritte, encontram-se muitas reproduções. Se isso abre a profundidade filosófica do artista, é outra questão. Quem quiser mergulhar mais profundamente na obra do surrealista belga poderá, até 5 de junho próximo, visitar a exposição A traição das imagens em Frankfurt.