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O Brasil na imprensa alemã (28/09)

28 de setembro de 2022

A poucos dias do primeiro turno da eleição presidencial brasileira, mídia da Alemanha destaca campanhas de Bolsonaro e Lula, os dois favoritos a ganhar o pleito.

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Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva em fotogmontagem, durante respectivos eventos de campanha
Veículos alemães detalham diferenças entre os dois principais candidatos nas presidenciais brasileirasFoto: Adriano Machado/REUTERS/Nelson Almeida/AFP

RND - Ladrão contra genocida: como Bolsonaro e Lula brigam por votos (28/09)

De fato, os dois lados xingam e insultam um ao outro quase continuamente. As outras duas alternativas mais promissoras na campanha eleitoral sofrem com isso. O esquerdista moderado Ciro Gomes (8%) e a política de centro-direita Simone Tebet (5%) não conseguem avançar com suas propostas e conceitos contra os dois favoritos.

O comportamento dos eleitores indecisos de centro será decisivo para o resultado da eleição. E aqui Bolsonaro perdeu muito em popularidade. Durante a pandemia de coronavírus, ele não mostrou empatia, deu conselhos inúteis ao recomendar medicamentos de eficácia questionável e trocou quatro ministros da saúde.

No final, quase 700 mil  pessoas morreram em decorrência da covid-19. Especialmente nas grandes metrópoles densamente construídas, com suas favelas, quase todos os moradores conhecem uma família que perdeu alguém ou foi afetada pela covid.

Soma-se a isso o isolamento internacional como consequência de insultos inaceitáveis, por exemplo, à esposa do presidente francês, Emmanuel Macron, e adesão a uma política de desmatamento da Amazônia para a qual praticamente não há defensores fora do cosmos de Bolsonaro.

Nas últimas semanas, o presidente vem apostando tudo em pacotes de desoneração e programas de ajuda: famílias pobres recebem 600 reais dos cofres do Estado por meio do programa social "Auxílio Brasil", o corte de impostos sobre o preço do gás é outra reação.

Se tudo isso será suficiente para consertar a porcelana quebrada ficará evidente já no primeiro turno. Se Bolsonaro não conseguir chegar à marca de 40%, como preveem as pesquisas, haverá pouca chance de virar o jogo. A maioria dos brasileiros prefere ter Lula de volta, ainda que uma proporção não desprezível de eleitores o faça com um pé atrás.

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Pouco antes das eleições presidenciais no Brasil, especialistas fazem um balanço – e os resultados não são bons para o atual chefe de Estado, Bolsonaro. Com seu comportamento autoritário e a alienação de parceiros internacionais, ele isolou seu país. Em vez de conversas com democratas, ele aposta em reuniões com déspotas.

A ida do presidente brasileiro Jair Bolsonaro à cúpula do G20 em Roma no ano passado foi um símbolo de seu papel no cenário internacional: em vez de discutir a situação mundial com seus pares na recepção noturna, Bolsonaro ficou sozinho no bufê e no máximo conversou com um garçom. Seu erro mais recente foi quando, em Londres, fez campanha diante de uma multidão de apoiadores da varanda da residência do embaixador brasileiro, depois de comparecer ao funeral da rainha.

Recuperação econômica com fome e inflação?

O presidente extremista de direita isolou seu país, antes influente, durante seu mandato de quatro anos – é o que avaliam muitos especialistas políticos no Brasil. Eles se referem à abordagem ideológica das relações internacionais por Bolsonaro, seus numerosos desvios das convenções diplomáticas, ofensas e tropeços. "O país está bastante isolado internacionalmente e vive uma clara crise de imagem", diz Fernanda Magnotta, coordenadora de relações internacionais da fundação FAAP, em São Paulo. "Poucas pessoas querem ser fotografadas com nossos membros do governo."

(…)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é mais popular no exterior do que em casa, quer fazer do Brasil novamente um parceiro reconhecido internacionalmente. Ele quer avançar na integração regional e revitalizar a participação do Brasil nas instituições multilaterais e nos esforços de proteção do clima. De qualquer forma, Lula não é alguém que ficaria sozinho no canto de reuniões internacionais ou sairia para comer pizza em vez de aparecer para jantar com celebridades – como fez Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial em Davos, em 2019, ou na Assembleia Geral da ONU em Nova York, em 2021.

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De um segundo mandato de Bolsonaro, pode-se esperar que continue o desmatamento implacável para o "desenvolvimento econômico da Amazônia" e que poucos compromissos sejam feitos em relação à política climática. Se o próximo presidente brasileiro se chamar Lula, a comunidade internacional pode contar com maior disposição para cooperar. Também é provável que os antigos programas de cooperação sejam retomados.

As relações econômicas com o Brasil também serão afetadas por quem se tornará o próximo presidente. Muitas empresas têm suas filiais na América Latina em torno da megacidade de São Paulo. Segundo [o especialista Andreas] Nöthen, a relevância econômica do Brasil pode aumentar no futuro. "O Brasil também pode ser um parceiro estratégico em relação a novas matérias-primas", diz. O autor refere-se assim à atual da escassez de gás e à busca de novas fontes de gás.

Num segundo mandato de Jair Bolsonaro, porém, é difícil imaginar que chefes de Estado tentariam estabelecer novas relações comerciais nessa área, porque o populista de direita não parece ser um parceiro confiável. "Pode-se esperar de Bolsonaro no ambiente internacional mais isolamento e alienação do multilateralismo", diz o especialista em Brasil Nöthen. Lula, por outro lado, viajou muito internacionalmente no passado e apostou ativamente em cooperação. Pode-se supor que ele faria isso novamente em um novo mandato. "Muitos governos têm muito mais acesso a Lula do que a Bolsonaro", explica Nöthen.

md/rk (ots)