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O Brasil na imprensa alemã

14 de junho de 2017

Reportagem da TV alemã associando o ex-jogador de futebol Roberto Carlos a um suposto esquema de doping no esporte e a crise política no governo Michel Temer são destaques da semana.

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Manifestante com óculos de lentes com a bandeira brasileira em protesto contra o governo Temer no Rio de Janeiro
Protesto no Rio de Janeiro: "a frase da vez é, novamente, 'fora Temer'", escreve semanário "Der Freitag"Foto: Reuters/J. Guimaraes

Die Tageszeitung – Um orgulhoso fraudador, 13/06/2017

A recente reportagem da rede ARD sobre o lento combate ao doping no Brasil é espetacular. Pois relaciona Roberto Carlos, um campeão do mundo da Copa de 2002, com negócios obscuros. A agência antidoping do país teria já desde 2015 um dossiê em que uma atleta atestaria que Roberto Carlos foi cliente do médico Júlio César Alves. Este mesmo se gaba, diante da câmera escondida da ARD, de ter desenvolvido as coxas de Roberto Carlos, que era temido em todo o mundo por causa de seus fortes chutes à distância.

Süddeutsche Zeitung – O fazedor de coxas, 12/06/2017

No sábado, a ARD publicou uma reportagem sobre os problemas de doping no Brasil. O sistema de controle no país é conhecido por ser falho e reduzido. Nos Jogos Olímpicos no Rio (2016) só foram realizados cinco controles por parte da agência antidoping do país. E agora também surgem os primeiros indícios de como essas vulnerabilidades foram exploradas. O ponto principal é um relatório de 200 páginas que o Ministério do Esporte brasileiro produziu e enviou à procuradoria competente dois anos atrás. As atividades de um médico de Piracicaba chamado Júlio César Alves ocupam um papel central nas investigações.

Roberto Carlos esteve com esse médico em julho de 2002. Pelo menos é isso que está no relatório do ministério, que agora está na gaveta da procuradoria. O próprio Alves disse aos repórteres, diante de uma câmera escondida: "Eu desenvolvi as coxas dele, eu fiz das coxas de Roberto Carlos isso que elas são hoje."

Der Freitag – Na armadilha da escuta, 12/06/2017

No momento, a frase da vez é, novamente, "fora Temer". Após as revelações das últimas semanas, cerca de 90% dos brasileiros exigem a renúncia imediata do sucessor de Dilma Rousseff, considerado atualmente o mais impopular chefe de Estado brasileiro de todos os tempos. Apesar disso, Temer continua se agarrando ao poder com truques de bastidores. Com o objetivo de impedir mais investigações, ele mudou no final de maio o ministro da Justiça, nomeando o ex-juiz Torquato Jardim para o cargo.

[…]

Mas o momento parece mais propício para Rodrigo Maia, o presidente da Câmara dos Deputados. Como presidente interino, ele poderia iniciar a escolha do novo chefe de Estado que deverá governar o país até a data das eleições regulares, em 2018. Claro que seria uma votação do Parlamento. Nada amedronta mais o establishment conservador do que uma eleição direta. Um candidato é um velho conhecido: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com pesquisas, ele tem a preferência de 40% dos eleitores.

Süddeutsche Zeitung – Divina comédia, 12/06/2017

No ponto mais absurdo de um processo absurdo, o juiz Napoleão Nunes Maia comparou o presidente brasileiro, Michel Temer, a Jesus – e si próprio, a Pôncio Pilatos. Este homem "sábio, mas fraco" deixou que um inocente fosse pregado na cruz porque a multidão assim o queria, disse Nunes Maia em sua declaração, com a qual justificou seu voto pela absolvição de Temer. Jesus, Pôncio Pilatos e Napoleão – não é de se admirar que a maioria dos observadores desse processo do TSE o tenham interpretado apenas como mais um ato de um interminável teatro político.

A multidão, ou exprimindo mais educadamente, o povo brasileiro realmente não teria nada contra caso Temer fosse realmente retirado do cargo. Seus números nas pesquisas se estabilizaram no subsolo desde que ele substituiu, em 2016, a presidente eleita Dilma Rousseff em um golpe parlamentar disfarçado de impeachment.

[…]

Críticos dizem que o processo correu segundo o princípio do avestruz. O tribunal não quis ver o que é óbvio, preferindo enterrar a cabeça na areia. Na mídia brasileira, se fala em um jogo de cartas marcadas. O presidente do TSE, Gilmar Mendes, descreve-se publicamente como um amigo de Temer; Nunes Maia está, ele mesmo, comprometido por delações; e os outros dois juízes que votaram a favor da absolvição do presidente foram nomeados pelo réu há poucas semanas.

MD/ots