Neonazista que matou político é condenado à prisão perpétua
28 de janeiro de 2021A Justiça da Alemanha condenou nesta quinta-feira (28/01) o neonazista Stephan Ernst, de 47 anos, à prisão perpétua pelo assassinato do político conservador alemão Walter Lübcke, em junho de 2019.
Lübcke, um político da União Democrata Cristã (CDU) de 65 anos que era presidente do conselho administrativo do distrito de Kassel, foi assassinado com um tiro na cabeça. Ele era conhecido por suas posições a favor de imigrantes e refugiados. A morte dele foi o primeiro assassinato de um político por um extremista de direita na Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial.
A Justiça de Frankfurt declarou Ernst culpado pelo assassinato. O veredito atribui extrema gravidade ao crime, o que não permite uma revisão da sentença ou a comutação dela para liberdade condicional após 15 anos de pena, como seria habitual.
O neonazista Markus H., que era acusado de cumplicidade, foi condenado a uma pena de um ano e meio de liberdade condicional por posse ilegal de armas. Ele foi inocentado da acusação de cumplicidade no assassinato.
Ernst foi inocentado de outra acusação, a tentativa de assassinato de um requerente de refúgio vindo do Iraque, em 2016, num ataque com faca pelas costas.
Durante o julgamento, Ernst expressou arrependimento pelo assassinato de Lübcke, que executou na noite de 1º de junho de 2019, ao surpreender o político na varanda da casa deste e disparar um tiro contra a cabeça da vítima.
Ernst admitiu o crime, mas apresentou três versões distintas. Na última, afirmou que Markus H. estava presente na cena do crime.
A favor dos refugiados
Lübcke se tornou alvo do ódio da extrema direita alemã depois de dar declarações, em 2015, a favor da acolhida de refugiados da guerra civil na Síria e afirmar que os que não concordassem poderiam deixar o país. Ernst estava presente quando as declarações foram dadas.
Um vídeo com a fala de Lübcke foi amplamente divulgado nas redes sociais de extrema direita, fazendo com que ele se tornasse alvo de ameaças.
O caso evidenciou que as autoridades de segurança alemã subestimaram os riscos que o extremismo de direita representa para políticos do país, em especial os de nível regional.
Em 2015, a prefeita de Colônia, Henriette Reker, foi esfaqueada por um homem que não concordava com as posições dela a favor da acolhida de refugiados.
as/lf (Efe, Lusa, DPA, AFP)