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CiênciaIsrael

Naufrágio de 3.300 anos desafia a história da navegação

21 de junho de 2024

Descoberta de uma embarcação ao largo da costa de Israel comprova as habilidades avançadas dos navegadores na Idade do Bronze tardia.

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fundo do mar, um robô esverdeado
Ânforas foram retiradas de uma profundidade de 1.800 metros por um robôFoto: Emil Aladjem/IAA/AP Photo/picture alliance

A Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) anunciou nesta quinta-feira (20/06) que uma empresa de perfuração de gás natural descobriu um navio de 3.300 anos no litoral norte de Israel. O achado prova que as embarcações do fim da Idade do Bronze podiam navegar para longe.

A bordo do navio foram encontradas centenas de ânforas antigas intactas, segundo a autoridade de arqueologia israelense. A embarcação naufragada e seus artefatos foram descobertos a 1.800 metros de profundidade no Mar Mediterrâneo pela empresa de energia britânica Energean.

A grande profundidade em que o navio foi encontrado significa que por milênios ele não foi movimentado ou tocado por ondas, correntes nem pescadores, oferecendo assim maior potencial para pesquisas inovadoras, de acordo com a IAA.

Momem aponta para imagens do fundo do mar em tela de computador
Na sala de controle do navio da Energean, imagens do local onde foram encontrados o navio de 3.300 anos e sua cargaFoto: Emil Aladjem/IAA/AP Photo/picture alliance

Por que essa descoberta é importante?

Encontrar um navio da Idade do Bronze tão em alto-mar sugere que as habilidades de navegação dos antigos marinheiros eram mais avançadas do que se pensava, pois eram capazes de navegar sem precisar avistar a terra, disse a IAA.

Os destroços foram encontrados em 2023 a 90 quilômetros do litoral norte de Israel. O barco e sua carga estavam totalmente intactos, e a IAA supõe que poderia ter afundado numa tempestade ou após ser atacado.

"A descoberta desse barco agora muda toda a nossa compreensão das antigas habilidades dos marinheiros. É o primeiro a ser encontrado a uma distância tão grande, sem avistar qualquer território", explica Jacob Sharvit, chefe da unidade marinha da IAA.

Sharvit explica que os pesquisadores presumiam que o comércio durante esse período fosse conduzido por barcos que navegavam ao longo da costa, mantendo a terra em seu campo de visão enquanto se deslocavam de porto a porto. Ele acredita que os marinheiros do barco recém-descoberto usavam o sol e as estrelas para encontrar seu caminho.

Dois arqueólogos examinam jarros antigos
Jacob Sharvit e Karnit Bahartan examinam as ânforas antigasFoto: Emil Aladjem/IAA/AP Photo/picture alliance

Como o navio naufragado foi encontrado?

A Energean opera vários campos de gás natural a alta profundidade nas águas territoriais israelenses. Como parte de seu trabalho, a empresa usa um robô subaquático para vasculhar o fundo do mar. Há cerca de um ano, o robô encontrou o navio de 12 a 14 metros de comprimento enterrado no fundo lamacento, aninhado entre centenas de jarras.

"Quando enviamos as imagens à Autoridade de Antiguidades, a descoberta se revelou sensacional, muito além do que poderíamos imaginar", comenta Karnit Bahartan, diretora de meio ambiente da empresa.

Por enquanto, o navio ainda não foi resgatado, mas a Energean trabalhou com a IAA para trazer à superfície, para fins de pesquisa, duas ânforas que provavelmente eram usadas para transportar óleo, vinho ou frutas.

O IAA identificou os recipientes como pertencentes aos cananeus, povo que dominava parte do Oriente Médio e viveu há cerca de 4 mil anos, em cidades que hoje pertencem ao Líbano, Israel, Jordânia e Síria. 

lr/av (AP, AFP, DPA)