Na Venezuela, multidão vai às ruas contra Maduro
3 de fevereiro de 2019Dezenas de milhares de venezuelanos saíram às ruas de cidades do país e do mundo neste sábado (02/02) em protesto contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Os atos foram convocados pelo oposicionista Juan Guaidó, reconhecido por diversas potências como chefe de Estado da Venezuela.
As manifestações foram as primeiras no país desde que Guaidó, líder da Assembleia Nacional, se autoproclamou presidente interino da Venezuela, em 23 de janeiro.
Em Caracas, mais de 100 mil pessoas compareceram ao comício para exigir que Maduro deixe o poder. O ato foi liderado por Guaidó, que prometeu ao povo descontente com o regime que a "mudança na Venezuela está muito, muito próxima".
"Juramos permanecer nas ruas até que haja liberdade, um governo interino e eleições antecipadas", declarou o líder oposicionista.
Guaidó também celebrou o apoio recebido por um general da Força Aérea venezuelana, que mais cedo neste sábado divulgou um vídeo afirmando reconhecê-lo como presidente interino da Venezuela. Assim, Francisco Yánez se tornou o militar na ativa de mais alto escalão a renegar Maduro.
"Qualquer militar que tome o lado da Constituição é bem-vindo", afirmou Guaidó. Após o anúncio de Yánez, o governo dos Estados Unidos pediu aos demais oficiais venezuelanos que sigam o exemplo do general e também se posicionem contra Maduro.
Sob o intenso sol de Caracas, jovens e adultos entoaram canções de liberdade e gritos em favor de Guaidó, considerado por eles seu presidente.
Durante o ato, não faltaram agradecimentos aos cerca de 30 países que reconheceram o líder da Assembleia Nacional como chefe de Estado interino, entre eles, Estados Unidos, Canadá, Israel, Austrália e vários países latino-americanos, como Brasil, Argentina e Colômbia.
Também foi celebrada a decisão do Parlamento Europeu, na quinta-feira, de apoiar Guaidó como "único presidente interino legítimo do país" até que novas eleições livres sejam realizadas, além de instar os membros da União Europeia (UE) a fazerem o mesmo.
As manifestações anti-Maduro ultrapassaram as fronteiras da Venezuela, chegando a países como Chile, Espanha e Bélgica. Em Santiago, centenas de pessoas saíram às ruas em defesa do povo venezuelano, enquanto em Barcelona o ato reuniu cerca de 1.500 pessoas.
Neste sábado, Guaidó convocou novos protestos contra Maduro para o dia 12 de fevereiro, mês que, segundo o líder oposicionista, promete ser "determinante" para a derrubada do chavista.
Atos pró-Maduro
Além dos protestos contra o regime, a Venezuela contou também com atos de apoio ao regime. Milhares de simpatizantes do governo venezuelano saíram às ruas para comemorar os 20 anos da chamada Revolução Bolivariana, promovida pelo ex-presidente Hugo Chávez, morto em 2013, e que teve continuidade com Maduro.
"Juro, nos 20 anos da Revolução Bolivariana, defender nossa pátria amada, manter a união cívico-militar, derrotar o intervencionismo imperialista", afirmou Maduro durante o ato em Caracas, a cerca de cinco quilômetros da manifestação da oposição.
O líder chavista, que classificou a autoproclamação de Guaidó de um golpe de Estado orquestrado pelos Estados Unidos, se dirigiu ao presidente americano, Donald Trump, para se afirmar como o único presidente da Venezuela e dizer que se manterá no poder "todos os dias".
A declaração é uma resposta a autoridades em Washington que pediram a Maduro que se afaste do poder. Os EUA reconhecem Guaidó como presidente da Venezuela e adotaram o argumento do Parlamento venezuelano de que o chavista foi eleito num pleito "fraudulento e, por isso, "usurpa a presidência" do país.
Durante o ato, Maduro ainda agradeceu aos governos da Bolívia, México e Uruguai, que deram passos em direção ao diálogo com o governo venezuelano.
No pôquer das potências estrangeiras em relação à Venezuela, Rússia, China, Turquia, Bolívia, Nicarágua e Cuba continuam apoiando o regime Maduro.
EK/afp/dpa/efe/lusa
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