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"Não há lugar para racismo na seleção alemã", diz Kimmich

1 de junho de 2024

Jogador critica pesquisa divulgada pouco antes da Eurocopa na Alemanha, segundo a qual, 21% dos torcedores querem "mais atletas brancos" na equipe. Outros 17% dizem lamentar que capitão do time seja de origem turca.

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Joschua Kimmich e Thomas Müller ao lado de outros jogadores em treino da seleção alemã antes da Eurocopa
Segundo a WDR, 66% dos entrevistados avaliaram positivamente o fato de a seleção alemã possuir vários jogadores de origem migratóriaFoto: Steve Bauerschmidt/IMAGO

A poucos dias do início da Eurocopa de 2024, uma pesquisa divulgada pela emissora pública alemã WDR vem gerando polêmica na Alemanha, país que sediará o torneio de futebol entre as seleções europeias a partir de 14 de junho.

O levantamento, realizado pelo instituto de pesquisas Infratest/Dimap para o documentário Unidade, justiça e diversidade da WDR sobre os jogadores da seleção alemã de origem migratória, revelou que aproximadamente um quinto dos torcedores alemães gostaria de ver mais atletas brancos na equipe nacional.

No estudo, o instituto pediu que as 1.304 pessoas pesquisadas se posicionassem em relação a essas três declarações: "acho que seria melhor se houvesse novamente mais jogadores brancos na seleção alemã"; "acho positivo que tenhamos atualmente muitos jogadores de origem migratória na seleção alemã" e "acho uma pena que o capitão da seleção alemã [o jogador Ilkay Gündogan] tenha raízes turcas".

Segundo a WDR, 66% dos entrevistados avaliaram positivamente o fato de a seleção possuir vários jogadores de origem migratória, contra 21% que disseram preferir que a equipe tivesse mais jogadores brancos, como no passado. A grande maioria (65%) afirmou que não concorda ou rejeita essa última afirmação.

Ao mesmo tempo, 17% dos entrevistados lamentaram que o capitão da seleção seja um jogador de origem turca, enquanto a grande maioria (67%) afirmou não concordar com essa declaração. Essa função é exercida há quase um ano pelo jogador de 33 anos Ilkay Gündogan, filho de migrantes turcos, que joga atualmente pelo Barcelona.

Kimmich: "isso é totalmente absurdo"

O meio-campista Joshua Kimmich, um dos líderes da seleção alemã, criticou a forma como a pesquisa foi elaborada e disse que não há lugar para o racismo na equipe. "Qualquer um que tenha crescido jogando futebol sabe que isso é totalmente absurdo. O futebol, em particular, é um exemplo de como é possível unir nações diferentes, cores de pele diferentes e religiões diferentes", afirmou o atleta.

lkay Gündogan, jogando pelo Barcelona
lkay Gündogan, filho de migrantes turcos que joga atualmente pelo Barcelona, é o capitão da seleção alemãFoto: Jose Breton/Pics Action/NurPhoto

"Eu sentiria muito a falta de vários, vários jogadores se eles não estivessem aqui. Isso é absolutamente racista e é algo que não tem lugar no nosso vestiário."

"Se considerarmos que estaremos jogando uma Eurocopa em casa, é absurdo perguntar uma questão dessas quando, na verdade, esse é o momento de unirmos todo o país. É a hora de alcançarmos grandes coisas juntos. Nós, como equipe, estamos tentando conquistar o apoio de todos na Alemanha", afirmou o jogador de 29 anos do Bayern de Munique. 

"Expressão da situação social da Alemanha"

O diretor de esportes da WDR, Karl Valks, reagiu às críticas sobre a formulação da pesquisa afirmando que o objetivo era relatar esses dados de maneira embasada, e não "anedótica", motivo pelo qual a emissora contratou o Infratest/Dimap.

"Nós mesmos ficamos consternados que os resultados sejam como são; mas eles também são uma expressão da situação social da Alemanha nos dias de hoje", disse Valks, acrescentando que a seleção de futebol alemã é um forte exemplo de integração para a sociedade.

A Eurocopa ocorrerá entre 14 de junho a 14 de julho, quando 24 seleções europeias se enfrentarão em 10 cidades da Alemanha em busca do maior título do futebol do continente.

rc (EPD, KNA, DPA)