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Arte

Museu tira quadro de mostra para debater sexismo

2 de fevereiro de 2018

Galeria de Manchester quer estimular debate com exclusão de pintura do século 19 que mostra ninfas nuas seduzindo um jovem. Visitantes são convidados a opinar sobre decisão.

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Pintura "Hylas e as ninfas", do artista inglês John William Waterhouse
Pintura "Hylas e as ninfas", do artista inglês John William WaterhouseFoto: imago/United Archives International

A pintura de 1896 Hylas e as ninfas, do artista inglês John William Waterhouse, descreve uma cena da mitologia greco-romana em que um grupo de ninfas nuas seduz um jovem a se afogar num lago, levando-o à morte. Durante anos, ela esteve exposta na Manchester Art Gallery.

Na sexta-feira passada (26/01), o quadro se tornou objeto de um grande debate público depois de ter sido removido da exposição permanente do museu da cidade britânica. De acordo com uma mensagem oficial no blog do museu, a pintura foi retirada porque ela, assim como toda a galeria em que se encontra, "apresenta o corpo feminino de forma 'passivo-decorativa' ou como uma 'femme fatale'".

A galeria se chama Em busca da beleza e apresenta várias pinturas de fins do século 19 que representam corpos femininos nus. A curadora de arte contemporânea Clare Gannaway, da Manchester Art Gallery, afirmou que quer, com o gesto, gerar um debate sobre como imagens desse tipo devem ser exibidas hoje em dia e rejeitou acusações de censura. "Vamos desafiar essa fantasia vitoriana!", diz a mensagem no blog.

Segundo Gannaway, o quadro foi retirado como parte de uma performance artística realizada semana passada e em meio aos atuais debates sobre sexismo, como os inspirados pela campanha #MeToo. No lugar em que estava o quadro, os visitantes do museu são convidados a afixar suas contribuições ao debate, escritas em pequenos papéis. As pessoas também podem opinar pela internet.

A maioria dos comentários na homepage do museu foram críticos. "Tenho medo de que comecemos a mostrar somente o que nos parece aceitável", escreveu um visitante da página. "Estes quadros representam pontos de vista que estão fora de moda há algum tempo, mas acho que isso é muito evidente para os observadores de hoje", escreveu outro. Outros acusaram o museu de trivializar a campanha contra o sexismo.

Mas também houve elogios. Uma pessoa disse que se trata de uma "boa jogada", e outra afirmou que "há muitos peitos neste museu".

Gannaway assegurou, em entrevista ao jornal The Guardian, que são infundadas as suspeitas de que o quadro não vai mais voltar ao lugar em que estava exposto. "Acho que ele provavelmente vai retornar, sim. Mas espero que seja contextualizado de forma diferente. A questão não é apenas essa pintura, mas todo o contexto da galeria", disse.

MD/dpa/dw

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