Mostra "Esplendor e miséria na República de Weimar"
O fim da 1ª Guerra e a transformação do país em democracia iniciou um período conturbado na Alemanha, que levou à ascensão do nazismo. Este terreno fértil para a arte é tema de uma exposição em Frankfurt.
"Tiller Girls", de Karl Hofer
As duas bailarinas inglesas retratadas de forma abstrata pelo pintor Karl Hofer em 1927 eram lendárias em Berlim nos anos de 1920. Elas se apresentavam todas as noites no Admiralpalast, um famoso cabaré da época.
"Dama usando pele e véu", de Otto Dix
Depois da 1ª Guerra, Berlim cresceu e se tornou uma efervescente metrópole europeia, chegando a ser a terceira maior cidade do mundo. A vida noturna e o hedonismo dos anos de 1920 serviam de inspiração aos artistas. Um deles foi o pintor e veterano de guerra Otto Dix. Nesta pintura de 1920, ele mostra sua predileção por retratar prostitutas, sobreviventes de guerra e marginalizados sociais.
"Gigolô e prostituta", de Otto Dix
Otto Dix retratava com frequência sujeitos simples que incorporavam o espírito da época da República de Weimar. Ele mesmo havia retornado da frente de batalha como veterano de guerra. Os desenhos revelam a predileção de Dix em retratar o irreparável e o mórbido na sociedade. Aqui, na obra de 1923, um gigolô com o bigode de Hitler – uma moda na época – com uma "flor da noite" atrás de si.
"Rapazes amantes", de Christian Schad
A República de Weimar foi um período turbulento. Superada a monarquia, o anseio pela liberdade era imenso. A homossexualidade era socialmente aceitável, ainda que passível de punição perante a lei. O pintor Christian Schad, dadaísta e observador crítico, tomou isso como tema central para seus desenhos e telas, como na obra de 1929.
"O carnaval de Weimar", de Horst Naumann
O pintor Horst Naumann usa seus quadros para denunciar as vivências da guerra e a morbidez da sociedade urbana. A ascensão do nazismo, o antissemitismo latente e a decadência de Berlim foram registrados pelo pintor em uma colagem de cenas fílmicas neste quadro de 1929.
"Margot", de Rudolf Schlichter
Irmgard Keun ficou famosa ao publicar no início dos anos de 1920 o conto "A moça em seda artificial". Este era o tecido mais barato para os vestidos das prostitutas, que compunham o cenário da vida noturna de Berlim. Mas também "moças de família" aproveitavam o cenário decadente da cidade em bares, cabarés e clubes de dança, como "Margot", aqui retratada em 1924 por Rudolf Schlichter.
"Quarta-feira de cinzas", de Jeanne Mammen
Extremamente moderna, a pintora Jeanne Mammen afirmava-se no círculo berlinense de artistas com audácia e autoconfiança. Ela começou como estilista de moda e depois trabalhou para as revistas satíricas alemãs "Simplicissimus" e "Ulk". O estilo caricato de seu traço marcou também suas pinturas. Aqui, o desenho em aquarela de 1926 é um exemplo disso.
"Logenlogik", de Dodo
A mostra na Schirn Kunsthalle tem cerca de 200 obras de 62 artistas. Muitas mulheres fizeram parte do movimento artístico da Nova Objetividade. Aqui, uma caricatura da artista Dodo, aliás, Dörte Clara Wolff, publicada em 1929 na revista satírica "Ulk", demonstra a vida extravagante à margem da Grande Depressão, crise que eclodiria nesse mesmo ano.
"Café (Cavaleiro da suástica)", de Georg Scholz
Durante a República de Weimar, muitos pintores revelaram-se como sismógrafos sociais, pressentindo a catástrofe política que desembocaria no nazismo. Com a Grande Depressão de 1929, a pobreza do pós-guerra agravou-se ainda mais. A arte serviu como espelho dessa sociedade. As percepções artísticas da época podem ser vistas até fevereiro de 2018 na Schirn Kunsthalle em Frankfurt.
"Das coisas por vir", de George Scholz
Em "Das coisas por vir", de 1922, George Scholz retrata a sociedade industrial alemã e o capitalismo. As chaminés das fábricas servem como pano de fundo para as três figuras masculinas estilizadas. A imobilidade dessas figuras é complementada com o geometrismo dos prédios ao fundo e o chão. O único movimento vem das chaminés, que insinuam a presença (ainda que oculta) da classe operária.