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Morre Charlie Watts, baterista dos Rolling Stones

24 de agosto de 2021

Discreto e avesso ao mundo pop, músico tinha o rock como ganha-pão e o jazz como paixão. Ele ditou, ao longo de 60 anos, o ritmo de uma das maiores bandas da história.

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Charlie Watts em show dos Stones em Hamburgo, em 2017
Charlie Watts em show dos Stones em Hamburgo, em 2017Foto: Carsten Rehder/dpa/picture alliance

Morreu nesta terça-feira (24/08) em Londres, aos 80 anos, Charlie Watts, baterista há quase seis décadas da lendária banda de rock britânica Rolling Stones.

A notícia foi dada por seu agente, Bernard Doherty, que afirmou que Watts morreu "em paz, num hospital de Londres, rodeado pela família".

"Charlie era um marido adorado, pai e avô e também, como membro dos Rolling Stones, um dos grandes bateristas da sua geração", disse Doherty.

A banda tinha anunciado, no começo do mês, que Watts não participaria da turnê americana dos Stones, por estar se recuperando de um procedimento médico, e que ele seria substituído pelo baterista Steve Jordan.

Tranquilo e vestido com elegância, Watts destoava em estilo de seus colegas de banda. Durante toda a sua trajetória, ele em grande medida se manteve à parte dos conflitos criativos, brigas de ego e do uso abusivo de drogas que ajudaram a matar o membro fundador Brian Jones e levaram o baixista Bill Wyman e o substituto de Jones, Mick Taylor, a desistirem.

Watts tocou bateria em todos os 30 álbuns dos Stones e em cada uma das turnês – a No filter, que começaria em setembro nos EUA, seria sua primeira ausência. Ele era como a base, elegante e discreta, que permitia aos colegas de banda curtir os holofotes.

Com frequência era colocado no primeiro escalão dos grandes bateristas da história do rock, ao lado de nomes como Keith Moon e Ginger Baker. Em shows dos Stones, ele era muitas vezes o mais ovacionado pelo público ao ser apresentado.

Charlie Watts, o primeiro da esquerda para direita, com os Stones em 1967
Charlie Watts, o primeiro da esquerda para direita, com os Stones em 1967Foto: picture-alliance/Photoshot

Entre o rock e o jazz

Nascido em Londres em 1941, Watts começou a tocar bateria em clubes de rhythm and blues de Londres no início da década de 1960, antes de se unir a Brian Jones, Mick Jagger e Keith Richards em seu grupo, os Rolling Stones, em janeiro de 1963.

A banda obteve sucesso inicial no Reino Unido e nos Estados Unidos com covers, e alcançou fama global com hits como (I can't get no) Satisfaction, Get off of my cloud e Paint it, black, e o álbum Aftermath.

Em grande parte, Watts deixou o inferno que marcou a banda nos anos 60 e 70 apenas para os outros membros. No palco, ele também deixava o estilo espalhafatoso para Jagger e outros enquanto ele, do fundo, norteava o ritmo das apresentações da banda com capacidade e calma.

O discreto e elegante Watts com Wood, Jagger e Richards
O discreto e elegante Watts com Wood, Jagger e RichardsFoto: Imago/APress

Watts se contentava em ser um dos melhores bateristas de rock de sua geração, sem a vida de pop star, dando ao som dos Stones os toques de jazz que tornaram possível o sucesso estrondoso no mundo. Como disse o guitarrista Keith Richards em sua autobiografia de 2010: "Watts sempre foi a cama em que eu me deito musicalmente".

Watts foi baterista de jazz em seus primeiros anos de vida e nunca perdeu sua afinidade com o ritmo que o levou à música. Longe dos Stones, sempre encontrou tempo para continuar a tocar jazz com vários grupos, incluindo uma banda de 32 integrantes.

Para o mundo, ele era uma estrela do rock. Mas Watts dizia frequentemente que a experiência era estafante e desagradável, às vezes até assustadora. "Garotas te perseguindo pela rua, gritando... horrível... eu odiava", disse certa vez ao jornal The Guardian em entrevista.

O autor Philip Norman, que escreveu extensivamente sobre os Rolling Stones, disse que Watts vivia com a banda "na constante esperança de poder pegar o próximo avião para casa". Era como se o rock fosse seu ganha-pão, e o jazz, a diversão.

rpr/ek (Reuters, AP)