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Missão africana só visou beneficiar Putin, afirma Kiev

17 de junho de 2023

Para assessor de Zelenski, única meta de mediadores era derrubar mandado de prisão do TPI contra presidente russo. UE ameaça sanções contra Rússia por organizar eleições em regiões ucranianas anexadas ilicitamente.

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Presidentes russo, Vladimir Putin, e sul-africano, Cyril Ramaphosa (foto de 24/10/2019)
Presidentes russo, Vladimir Putin, e sul-africano, Cyril Ramaphosa (foto de 24/10/2019)Foto: Sergei Chirikov/Poo/AP

O assessor do gabinete presidencial da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, afirmou que a missão africana chefiada pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, visitou Kiev na sexta-feira (16/06) apenas para pedir a suspensão do mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

"Há um ponto com o qual eles estão preocupados e pelo qual, acredito, vieram aqui. A confiança vem em pequenos passos: 'E vamos fazer um dos pontos ser suspender o mandado do TPI emitido para a prisão de Putin, e isso simbolizará essa confiança e depois passaremos aos pontos seguintes...' É claro que todos os outros pontos não interessam a ninguém", comentou Podolyak à agência de notícias Unian.

Além disso, acrescentou, até o momento o único plano real para acabar com a guerra seria o representado pela fórmula de paz ucraniana, enquanto os demais são meras variantes de uma capitulação.

Bombardeio abalou lealdade africana com Putin

Durante o encontro com seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, Ramaphosa insistiu que "deve haver paz através de negociações". Na subsequente coletiva de imprensa, ele citou repetidamente Nelson Mandela.

No entanto, o chefe de Estado da Ucrânia rechaçou sumariamente os apelos de paz africanos, comentando: "Permitir quaisquer negociações agora que os ocupadores estão nas nossas mãos é congelar a guerra, congelar dor e sofrimento."

Sobre o bombardeio da capital ucraniana no dia da chegada da delegação africana, Podolyak se disse convencido de que o ataque com mísseis a Kiev acabou com a lealdade que alguns representantes africanos tinham para com a Rússia.

"É claro que eles não vão demonstrar isso publicamente, é claro que existe uma certa dependência de fertilizantes minerais, de suprimentos adicionais de matérias-primas, de dinheiro da Federação Russa, inclusive de companhias militares que a Rússia às vezes exporta para países africanos."

No entanto "parece-me que o ataque com mísseis foi um argumento convincente, que definitivamente fortalece a posição da Ucrânia no mercado global", acrescentou o assessor do gabinete presidencial de Kiev.

UE condena eleições russas em regiões anexadas

A União Europeia (UE) advertiu neste sábado sobre as consequências de eleições nas quatro regiões ucranianas anexadas, que o bloco comunitário considera ilegais.

"A Rússia, sua liderança política e todos os envolvidos na organização dessas assim chamadas 'eleições' sofrerão as consequências das suas ações ilegais", declarou o Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), liderado pelo espanhol Josep Borrell.

Para o órgão, o pleito marcado para em 10 de setembro seria "mais uma violação do direito internacional" e "mais uma tentativa da Rússia para tentar legitimar seu controle militar e jurídico" e a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, bem como da Crimeia e de Sebastopol.

Na mesma linha, a UE denunciou que esses potenciais processos eleitorais "violam a Carta das Nações Unidas e a independência, soberania e integridade territorial": do país invadido: "A Rússia não tem legitimidade para um ato destes em território da Ucrânia."

No comunicado, a UE reitera ainda seu apoio a Kiev, sublinhando que Moscou deve "retirar imediata, completa e incondicionalmente todas as suas tropas e equipamento militar de todo o território da Ucrânia".

Anexação ilícita

A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia anunciou na quinta-feira a realização de eleições locais nas quatro regiões ucranianas anexadas. Os pleitos teriam sido solicitados na véspera pelos governadores interinos de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, impostos pelo Kremlin.

A Rússia controla totalmente apenas Lugansk. Metade de Donetsk estava sob seu domínio antes da contraofensiva ucraniana, assim como 80% de Zaporijia e um terço do sul da província de Kherson.

O Kremlin anunciou em setembro de 2022 a anexação dessas regiões ucranianas e sua incorporação como território russo na Constituição nacional, após referendos realizados sem garantias de independência e em meio a bombardeios.

Além disso, o parlamento russo aprovou uma lei permitindo a realização de referendos e eleições locais e estatais nas regiões russas onde a lei marcial está em vigor, como é o caso destas quatro províncias da Ucrânia.

av (EFE,Lusa)