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PolíticaBolívia

MP da Bolívia ordena prisão da ex-presidente Jeanine Áñez

13 de março de 2021

Política comandou o país de novembro de 2019 a novembro de 2020, após a renúncia de Evo Morales em meio a protestos e denúncias de fraude eleitoral.

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Jeanine Añez discursa
Ao receber ordem, Áñez afirmou: "A perseguição política começou"Foto: picture-alliance/Getty Images/R. Schemidct

O Ministério Público da Bolívia ordenou nesta sexta-feira (12/03) a prisão da ex-presidente interina do país, Jeanine Áñez, e de quatro ex-ministros de seu governo por crimes de "sedição e terrorismo", relacionados à crise política de 2019 que resultou na renúncia de Evo Morales da presidência.

A própria Áñez divulgou em suas redes sociais o mandado de prisão contra ela e ministros do seu governo, que durou de 12 de novembro de 2019 a 8 de novembro de 2020. "A perseguição política começou", afirmou Áñez, além de postar um link e imagens do processo movido pelo Ministério Público. Ela mora na cidade de Trinidad, no departamento amazônico de Beni.

O documento postado por Áñez detalha que, por "suposto cometimento dos crimes de terrorismo, entre outros", foi ordenada também a prisão dos ex-ministros Fernando López (Defesa), Yerko Núñez (Interior), Álvaro Coímbra (Justiça) e Rodrígo Guzmán (Energia).

Guzmán e Coímbra foram detidos na cidade de Trinidad e devem ser transferidos para a capital La Paz. Guzmán declarou no aeroporto de Trinidad que a situação é "um abuso, um sequestro", que "nunca foi notificado" e que irá "continuar a ser um oponente deste governo, desta tirania".

López e Núñez deixaram a Bolívia em novembro do ano passado e se encontram nos Estados Unidos, segundo a Interpol. Na quinta-feira (11/03), também foram emitidos mandados de prisão contra o ex-comandante das Forças Armadas Williams Kaliman e outros ex-chefes militares, bem como contra o ex-comandante da polícia Yuri Calderon.

Setores da oposição boliviana apontaram o que seria um "processo de perseguição" por parte do Movimento ao Socialismo (MAS), o partido do ex-presidente Evo Morales e do atual presidente do país, Luis Arce, que tomou posse em novembro de 2020.

"Estamos em um processo de perseguição política pior do que nas ditaduras, executado contra quem defendeu a democracia e a liberdade em 2019. O poder judicial e a promotoria 'masista' são o martelo executor", afirmou o ex-presidente Carlos Mesa em suas redes sociais.

A denúncia de "golpe de Estado" que levou às prisões desta sexta foi apresentada em novembro do ano passado pela ex-parlamentar Lidia Patty, do MAS.

O presidente do Senado da Bolívia, Andrónico Rodríguez, afirmou em suas redes sociais que a ordem de prisão contra Áñez e seus ex-ministros era um ato de "justiça" e não se tratava de "perseguição".

Rodríguez disse que "o que houve em 2019" após a eleição problemática realizada no país foi um "golpe de Estado" e um "golpe na democracia". Ele também afirmou que, até o momento, a oposição boliviana não teria conseguido mostrar de forma "fidedigna e contundente" provas de fraude eleitoral naquele pleito. 

Transição de poder atribulada

Áñez assumiu a presidência do país dois dias depois de Morales e o seu vice-presidente terem renunciado em meio a protestos . Antes, os chefes das Forças Armadas e da polícia haviam exigido que ele abandonasse o cargo como condição para que a estabilidade e a paz regressassem ao país.

Morales havia sido reeleito em 20 de outubro de 2019 para um quarto mandato seguido, sob suspeitas de frade eleitoral. A Organização dos Estados Americanos (OEA) recomendou a convocação de novas eleições por conta de adulteração de atas e falsificação de assinaturas, assim como os Estados Unidos e a União Europeia. Um estudo independente apresentado em junho de 2020, porém, apontou falhas da análise estatística feita pela OEA sobre a eleição boliviana. 

Após a renúncia, Morales exilou-se no México e depois na Argentina, e regressou ao país com a vitória de Arce.

Áñez era então a segunda vice-presidente do Senado e assumiu a presidência do país em meio ao vácuo de poder. Ela permaneceu no cargo até a realização de novas eleições.

Um grupo de investigadores da Comissão Interamericana de Direitos Humanos está na Bolívia apurando os fatos ocorridos em 2019.

bl (EFE, AFP)