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Ministro de Lula reitera "não" a envio de munição à Ucrânia

17 de fevereiro de 2023

Ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira diz que medida seria participação do Brasil na guerra. Declaração é feita em Conferência de Segurança que reúne mais de 40 líderes mundiais em Munique.

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Três tanques de guerra Leopard 1
Governo da Alemanha pediu ao Brasil fornecimento de munição para tanques Leopard 1, destinada à UcrâniaFoto: Thomas Imo/photothek/picture alliance

O Brasil mantém sua decisão de não fornecer à Ucrânia munição para tanques. "Não vamos fazer isso" disse o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, nesta sexta-feira (17/02) primeiro dia da Conferência de Segurança de Munique. "Em vez de participar de uma guerra, preferimos falar de paz", acrescentou, de acordo com a agência de notícias alemã DPA.

Vieira enfatizou a disposição do país de participar de uma mediação para se chegar a uma trégua e depois para negociar a paz: "O Brasil está pronto para ajudars sempre que possível", afirmou.

A Conferência de Segurança de Munique transcorre anualmente na capital da Baviera, no sul da Alemanha. O encontro internacional vai até este domingo e conta com a participação de cerca de 150 representantes governamentais e mais de 40 chefes de Estado e de governo.

"Clube da paz"

Durante visita ao Brasil do chanceler federal alemão, Olaf Scholz, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs que o Brasil faça parte, junto com a China, de um grupo mediador entre a Rússia e a Ucrânia, numa espécie de "clube da paz".

Em entrevista à CNN Brasil divulgada nesta quinta-feira, Lula voltou a defender a formação do grupo e ressaltou que o Brasil não poderia fornecer munições, pois assim estaria participando do conflito.

"Se eu vendo as munições para o canhão que a Alemanha vai dar para a Ucrânia, significa que o Brasil está entrando na guerra. E eu não quero entrar na guerra, eu quero acabar com essa guerra", afirmou o petista, que planeja uma viagem à China em março para se encontrar com o presidente Xi Jinping.

Pedido por munições

Durante encontro em Washington com o presidente americano, Joe Biden, Lula adotou a mesma postura: "Eu estou convencido de que é preciso encontrar uma saída para colocar fim a essa guerra. E senti, da parte do presidente Biden, a mesma preocupação, porque ninguém quer que essa guerra continue", afirmou na ocasião. "É preciso que tenha parceiros capazes de construir um grupo de negociadores [em] que os dois lados acreditem."

Lula negou em janeiro um pedido do governo da Alemanha para que o Brasil fornecesse munição de tanques que seria repassada por Berlim à Ucrânia, sob invasão russa desde 24 de fevereiro de 2022. A decisão foi tomada durante reunião com os chefes das Forças Armadas e o ministro da Defesa, José Múcio.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o Brasil embolsaria cerca de R$ 25 milhões por um lote de munição estocada para seus tanques Leopard-1.

Além disso, desde abril de 2022 a Alemanha tenta convencer o governo brasileiro a enviar munições para blindados antiaéreos do tipo Gepard, de fabricação alemã.

Em Munique, Vieira também defendeu a postura do governo brasileiro de não apoiar sanções contra a Rússia. Ele lembrou que Lula, desde o início de seu governo, condenou a invasão da Ucrânia como uma violação do direito internacional. Segundo ele, o país não participa das sanções a Moscou porque a lei brasileira só permite tais medidas a partir de decisões do Conselho de Segurança da ONU.

md/av (DPA, ots)