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Ministras viajam a Boa Vista após indígenas sofrerem ataque

1 de maio de 2023

Nisia Trindade, Sônia Guajajara e Marina Silva atuam na pacificação na região. No sábado, um indígena morreu e dois ficaram feridos em um ataque. No domingo, quatro garimpeiros foram mortos ao reagirem à ação policial.

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Uma imagem aérea mostra dois helicópteros sobrevoando uma área de garimpo ilegal localizada dentro de Terras Indígenas Yanomami.
Desde janeiro, governo atua para acabar com o garimpo ilegal, mas, segundo indígenas, ações ainda são insuficientes.Foto: Edmar Barros/AP Photo/picture alliance

As ministras da Saúde, Nisia Trindade, dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e do Meio Ambiente, Marina Silva, viajaram nesta segunda-feira (01/05) a Boa Vista, capital de Roraima, após um ataque na Terra Indígena Yanomami que deixou um agente de saúde de 36 anos morto e outros dois indígenas feridos. Segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, o crime foi cometido por "garimpeiros armados", na comunidade Uxiu.

As três ministras fazem parte de uma comitiva organizada pelo governo federal, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que também inclui representantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública e de outras pastas, bem como das Forças Armadas e da Polícia Federal (PF).

Marina e Sônia sobrevoaram áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Nisia esteve no Hospital Geral de Roraima (HGR) para visitar os dois indígenas internados.

Os objetivos da comitiva são intensificar as ações que já vêm sendo realizadas na região e contribuir para a pacificação imediata da situação. De acordo com o governo federal, os atos violentos contra a vida, o território e a cultura dos povos indígenas são inadmissíveis e não ficarão impunes.

Em nota, a PF informou que, com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), enviou, na madrugada de domingo, duas equipes ao local "com o intuito de investigar o ocorrido e interromper eventuais agressões que ainda estivessem em andamento". 

Nesta segunda-feira, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima confirmou a morte de quatro garimpeiros dentro da Terra Indígena Yanomami. Eles teriam reagido a uma incursão de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com o ministério, armamento de grosso calibre foi apreendido na ação. 

Reunião com Lula

Na tarde de domingo, as três ministras se reuniram com Lula para discutir a intensificação das ações do governo na região. Também participaram do encontro os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Múcio (Defesa), Paulo Pimenta (Secom), além de Andrei Meireles (diretor-geral da Polícia Federal), Tadeu Alencar (secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça) e representantes do Ministério dos Povos Indígenas e da Coordenação Nacional do Centro de Operações da Emergência Yanomami.

No fim de janeiro, o governo federal decretou situação de emergência na região devido ao cenário de abandono e desassistência encontrado no território, reflexo do garimpo ilegal e da omissão da gestão passada, de acordo com as autoridades. Desde então, várias medidas foram adotadas, mas, segundo os indígenas, as ações ainda são insuficientes.

"A situação de invasores na Terra Indígena Yanomami vem de muitos anos e, mesmo com todos os esforços sendo realizados pelo governo federal, ainda faltam muitas ações coordenadas até a retirada de todos os invasores do território", escreveu Guajajara no Twitter na tarde de domingo.

Saída voluntária dos invasores

Desde janeiro, uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com apoio da Funai e da Força Nacional de Segurança Pública, atua para acabar com o garimpo no local. Para evitar confrontos, o governo federal estabeleceu o dia 6 de maio como prazo para saída voluntária dos invasores.

As equipes de fiscalização têm encontrado resistência em algumas operações. Em pelo menos duas ocasiões, os agentes foram recebidos a tiros. Em fevereiro, uma base do Ibama foi atacada por criminosos armados na aldeia Palimiú.

No início de abril, líderes locais ouvidos pela DW relataram que faltava apoio da Forças Armadas para o atendimento dos indígenas. Ivo Macuxi, assessor jurídico do Conselho Indígena de Roraima (CIR), acusou os militares de lentidão proposital.

Em nota, o Ministério da Defesa respondeu argumentando que reparos em uma pista de pouso na terra indígena já estavam permitindo pousos e decolagens de aeronaves, e que as Forças Armadas estavam envolvidas no reforço às ações de saúde pública e no combate ao garimpo ilegal.

le (EBC, ots, DW)