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Milhares são resgatados de fábricas de golpes em Mianmar

19 de fevereiro de 2025

Dias após a imprensa brasileira noticiar o caso de dois brasileiros vítimas de tráfico humano que conseguiram escapar do KK Park, governo tailandês anunciou o resgate de cerca de 7 mil pessoas.

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Imagem de drone mostra diversos prédios que formam o complexo do KK Park, em Mianmar
O KK Park, em Mianmar, é um dos complexos movidos a trabalho escravo operados por criminosos especializados em golpes digitaisFoto: Stefan Czimmek/DW

Dias após a imprensa brasileira noticiar o caso de dois brasileiros que conseguiram escapar da KK Park, fábrica de fraudes em Mianmar, o governo tailandês anunciou nesta quarta-feira (19/02) o resgate de cerca de 7 mil pessoas que eram forçadas a trabalhar em locais do tipo no país vizinho, aplicando golpes online.

A Tailândia deflagrou uma ofensiva contra essas fábricas de fraude e, segundo a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra, o país se prepara para receber até 10 mil estrangeiros escravizados nesse esquema.

Essas fábricas de golpe estão instaladas não só em Mianmar, mas também no Camboja e no Laos, que nos últimos anos se transformaram em portos seguros para quadrilhas internacionais especializadas em crimes digitais. A Tailândia é uma das rotas usadas pelos criminosos para o tráfico humano.

As vítimas vêm do exterior, atraídas sob mentiras e falsas promessas de emprego. Uma vez consumado o sequestro, elas são forçadas a trabalhar para criminosos nesses centros. Uma reportagem da DW, publicada no início de 2024, já trazia relatos de prisioneiros que confirmavam torturas psíquicas e físicas sistemáticas.

A Organização das Nações Unidas calcula que mais de 120 mil indivíduos estão confinados nos centros de fraude online de Mianmar, num regime análogo à escravidão.

Muitos são chineses, mas há pessoas de diversas outras nacionalidades, inclusive do Brasil.

Em entrevista ao jornal O Globo na semana passada, a coordenadora da Exodus Road Brasil, Cintia Meirelles, havia informado que outros oito brasileiros seguiam sendo explorados pela máfia de golpes. 

Vítimas com hematomas e marcas de queimaduras

Segundo a agência de notícias AFP, que afirma ter visto alguns dos trabalhadores resgatados, uma das vítimas prestes a ser enviada à Tailândia estava repleta de hematomas, enquanto outras exibiam marcas de queimaduras.

Aparentemente, o resgate das vítimas é fruto de uma cooperação com uma milícia aliada à junta militar que governa Mianmar, país assolado há quase quatro anos por uma guerra civil.

Um porta-voz dessa milícia confirmou à AFP a prisão de seis homens chineses que supervisionavam esses centros de fraude.

A Tailândia afirma ter cortado o fornecimento de energia, combustível e internet a algumas regiões de fronteira.

ra (AFP, Reuters, ots)