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CatástrofeSíria

Milícias tentaram raptar bebê nascida em escombros, diz ONG

14 de fevereiro de 2023

Grupos armados queriam sequestrar a menina por razões econômicas, após caso gerar interesse internacional e ofertas de "milhões de dólares" para adotá-la, aponta entidade. Foram três tentativas em 48 horas.

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Bebê em cama de hospital
Bebê órfã Aya recebe tratamento em hospital na Síria e recebeu várias propostas de adoçãoFoto: Ghaith Alsayed/AP/picture alliance

A bebê que nasceu sob os escombros e perdeu toda a sua família durante os terremotos na província de Aleppo, no noroeste da Síria, sofreu três tentativas de sequestro por milícias armadas nas últimas 48 horas, segundo informou nesta terça-feira (14/02) o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

De acordo com um comunicado da ONG, sediada no Reino Unido e com uma vasta rede de colaboradores na Síria, grupos tentaram raptar Aya por razões econômicas, já que o caso da criança suscitou grande interesse internacional e várias organizações ofereceram "milhões de dólares" para adotá-la.

A última tentativa foi realizada por homens armados que invadiram o Hospital Cihan, onde a bebê permanece internada, na cidade de Afrin, e agrediram médicos e enfermeiros com a intenção de levar a menina à força.

O observatório afirmou que os invasores pertenciam à milícia turca Brigada Sultão Murad, que opera na região, e acrescentou que pretendiam entregar Aya a pessoas ligadas ao governo sírio "em troca de altíssimas somas de dinheiro".

Os milicianos atacaram o diretor do hospital, Khalid Attiah, e sua equipe. "Minha saúde está bem, e a criança está segura, a saúde dela está perfeita", afirmou o médico à agência de notícias alemã DPA, negando-se a comentar o incidente. Ele acrescentou que a criança não foi entregue a ninguém, nem adotada. "Ela está agora no hospital, e seu assunto está nas mãos do Judiciário e do Ministério Público", acrescentou.

"Caso é explorado por todos os lados"

"Infelizmente, o caso da menina está sendo explorado por todos os lados, e a perspectiva de ganhar dinheiro está deixando as pessoas ansiosas para levá-la, não a questão humanitária", afirmou Rami Abdel Rahman, chefe do observatório.

O grupo de direitos humanos disse que houve vários pedidos de organizações para adotar a criança e que elas ofereceram milhões de dólares para adotá-la. "Isso levou os fracos de espírito de algumas facções a invadirem o hospital, tentando sequestrá-la, por causa de sua ganância financeira."

O grupo também disse que vários oficiais do governo sírio se passando como executivos de Damasco tentaram adotá-la sob o nome de uma organização de caridade. Segundo o grupo, descobriu-se que a entidade filantrópica é afiliada a Asma al-Assad, esposa do presidente sírio, Bashar al-Assad.

Aya nasceu sob os escombros após o terremoto devastador da semana passada, que destruiu o prédio em que morava com a família no norte da Síria.

Attiyeh cuida da bebê, que está sendo amamentada pela esposa dele – com quem tem uma filha de quatro meses e um filho de três anos.

Segundo as equipes de resgate, a mãe de Aya morreu sob os escombros logo após o parto. O pai e quatro irmãos da menina também perderam a vida no desastre.

A família morava em Jenderis, vilarejo perto da fronteira turca gravemente atingido pelos terremotos de segunda-feira. Eles já haviam fugido da província de Deir al-Zour, no leste da Síria. Aya recebeu seu nome da equipe do hospital na cidade de Afrin que onde ela está.

md/bl (EFE, dpa)