Merkel, início turbulento
30 de novembro de 2005Em sua primeira declaração no Parlamento Alemão (Bundestag) como chefe de governo, nesta quarta-feira (30/11), Angela Merkel reiterou o desejo de que a grande coalizão seja uma ferramenta para que mudanças aconteçam no país.
Ao mesmo tempo, propôs a igualdade social e o combate ao desemprego como prioridades. Merkel se manifestou ainda sobre temas delicados.
Integração de imigrantes
Para evitar o desenvolvimento de "sociedades paralelas", a chanceler federal destacou seu desejo de promover a integração dos imigrantes. Merkel ressaltou que o acordo estabelecido pela coalizão que garantiu sua eleição tem como título "juntos pela Alemanha".
Entre as medidas que evitariam que tais grupos que "não levam em conta os valores básicos de convivência no país fossem criados, está a necessidade do aprendizado do alemão nas escolas pelos filhos de estrangeiros", sugere Merkel.
A medida é uma forma de introduzir a cultura do país entre comunidades de imigrantes, que ainda mantêm regras internas próprias e que são condenadas pelo governo alemão. Exemplo disso são os casamentos forçados e os crimes de honra, que foram duramente criticados pela chanceler.
"Como mulher, digo claramente que estes atos não têm nada, mas nada a ver com a honra e não têm nada a ver, mas nada a ver com nossa sociedade. Não toleraremos isso", enfatizou.
Reformas
Merkel agradeceu ao ex-chanceler por ter "aberto com coragem a porta para as reformas", ao lançar seu programa de mudanças econômicas Agenda 2010. "Quero agradecer a ele em nome de todos os alemães", disse a chanceler democrata-cristã.
Relações com EUA
A chanceler apelou a um novo relacionamento com os Estados Unidos. "Deixem as rixas do passado para trás", pediu, referindo-se ao posicionamento americano sobre a guerra no Iraque. "O governo se empenhará na construção de uma relação próxima e verdadeira, aberta e transpartente, com o parceiro do outro lado do oceano."
Dessa forma, ela espera que os Estados Unidos considerem a preocupação da Europa com a suspeita de existência de prisões secretas e de vôos ilegais da CIA e que tomem as medidas necessárias para esclarecer o assunto.
A chanceler federal acredita que "a Casa Branca esclarecerá em breve o assunto". Em seu discurso, disse ainda que os Estados Unidos, como o continente europeu, têm um compromisso com a liberdade, a paz e com um Estado de direito, de Justiça e tolerância.
"Não vamos nos calar diante de violações dos direitos humanos, nem diante de ninguém no mundo, seja parceiro comercial ou país fundamental para a estabilidade e a segurança em determinadas regiões", alertou Merkel.
Irã e Iraque
Delicada por si só, a posição do governo alemão em relação à invasão do Iraque ganhou uma nova dimensão após o seqüestro da arqueóloga Susanne Osthoff. De acordo com o pronunciamento de Merkel, a Alemanha não aceitará pressão dos seqüestradores.
A chefe de governo afirmou ainda que as recentes declarações do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, sobre Israel são inaceitáveis. "Não consentiremos com essa atitude na Alemanha."
Ahmadinejad declarou semanas atrás – parafraseando o fundador da República Islâmica, o aiatolá Khomeini, que é preciso "riscar Israel do mapa".