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28% dos alemães defendem posições de neodireita

21 de novembro de 2016

Estudo constata que 28% dos alemães pensam que o islã está minando a sociedade, veem a existência de uma "ditadura de opinião" no país e rejeitam o "establishment" como ilegítimo e mentiroso.

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Protesto do movimento anti-imigração Pegida em Dresden
Cartaz da AfD é exibido durante protesto do movimento anti-imigração Pegida em DresdenFoto: picture-alliance/dpa/A. Dedert

Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (21/11) pela Fundação Friedrich Ebert indica que 28% dos cidadãos da Alemanha apresentam opiniões políticas que se enquadram na definição de "neodireita".

Entre elas estão a crença em vários "mitos conspirativos", como uma suposta infiltração do islã na sociedade alemã, a existência de uma "ditadura de opinião" no país, a rejeição do "establishment" como ilegítimo e mentiroso, a defesa de um retorno a valores nacionalistas perante a União Europeia e um apelo à resistência contra a atual política do governo federal.

Segundo a pesquisa, intitulada Gespaltene Mitte (centro dividido), 84% dos apoiadores do partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD) defendem essas posições.

Cerca de 40% do total de entrevistados disseram que a sociedade alemã está sendo minada pelo islã e 20% expressaram posições antimuçulmanas. Perto de 28% concordaram com a afirmação "os partidos no governo enganam o povo" e um percentual semelhante se queixou de que "na Alemanha, não se pode mais expressar livremente a opinião sem ter problemas", exigindo que "é hora de mostrar mais resistência à política atual."

Em contrapartida, a posição dos alemães em relação aos refugiados é mais positiva do que se pensava, de acordo com os resultados do estudo. Mais da metade dos entrevistados (56%) disse considerar "bom" a acolhida de refugiados, e outros 24% afirmaram que isso seria "em parte" bom. Somente 20% consideram a entrada de migrantes na Alemanha como algo "possivelmente" ou "definitivamente" ruim.

Divisão da sociedade

Para o levantamento, apresentado em Berlim, o Instituto de Investigação Interdisciplinar sobre Conflito e Violência (IKG), da Universidade de Bielefeld, entrevistou, de junho até agosto, 1.896 alemães entre 16 e 95 anos.

"Posições clássicas de extrema direita estão sendo cada vez mais substituídas por versões modernizadas de neodireita", afirmaram os autores da pesquisa. Segundo eles, esse ideário "neodireitista" difunde uma ideologia nacional-populista "de forma mais sutil e em trajes mais intelectualizados."

Para o pesquisador Andreas Zick, que coordenou o estudo, a palavra "divisão" descreve de forma apropriada o estado atual da sociedade alemã. Ele alertou para a crescente polarização e radicalização.

A pesquisa é realizada desde 2006, em intervalos de dois anos, sob encomenda da fundação, que é ligada ao Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha. O objetivo é verificar como posições de extrema direita ou hostis a alguns grupos sociais estão representadas no centro da sociedade.

CA/kna/dpa/epd