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PolíticaFrança

Macron tenta buscar voto verde para derrotar Le Pen

16 de abril de 2022

Presidente, que concorre à reeleição, prometeu tornar a França "primeira grande nação" a abandonar uso do petróleo, após pauta do meio ambiente ter ficado em segundo plano durante a primeira fase da campanha.

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Emmanuel Macron
Macron durante comício em MarselhaFoto: Christophe Simon/AFP

O presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu neste sábado (16/04) tornar a França a "primeira grande nação" a parar de usar petróleo, carvão e gás como fontes de energia. O discurso foi especialmente direcionado a eleitores "verdes" e jovens, que a campanha de Macron teme que possam se abster no segundo turno das eleições, marcado para 24 de abril. Macron disputa o segundo turno com a extremista de direita Marine Le Pen.

"A política que vou promover nos próximos cinco anos será ecológica ou não haverá" política, disse Macron.

Em um comício na cidade mediterrânea de Marselha, na qual o político de esquerda Jean-Luc Mélenchon foi o mais votado no primeiro turno, Macron procurou ampliar o que as pesquisas de opinião vêm apontando como uma pequena vantagem sobre sua rival Le Pen. Antes do primeiro turno, analistas apontaram que o tema do meio ambiente esteve ausente dos debates, com pautas como poder de compra e economia dominando as discussões.

Macron disse que colocará seu próximo primeiro-ministro diretamente no comando do que chamou de "planejamento verde". "A missão desse primeiro-ministro será tornar a França a primeira grande nação a sair do gás, petróleo e carvão. É possível, e nós faremos isso", disse Macron. "Entre carvão e gás de um lado e nuclear do outro, eu escolho nuclear."

Infografik Frankreich Wahl 2022 Erster Wahlgang PT-BR

Nesta segunda fase da campanha, entre Macron e Le Pen, ambos os candidatos têm tentado conquistar eleitores de Mélenchon, que ficou em terceiro lugar na disputa. Como parte da estratégia, Macron tem tentado vender um discurso pró-ecológico e abordando com mais ênfase questões sociais. Em Marselha, ele também falou de investimentos nos bairros mais pobres e na renovação das habitações sociais. Le Pen, por sua vez, tem deixado em segundo plano sua agenda anti-imigração e focado em críticas à perda do poder de compra dos franceses e ao aumento da idade de aposentadoria.

Em Marselha, Macron também criticou Le Pen, que viajou neste sábado para uma cidade a oeste de Paris. Em um evento de campanha, Le Pen afirmou que liderará o país como "mãe de família" e defenderá "os mais vulneráveis".

As mais recentes pesquisas de opinião na França apontam Macron com vantagem sobre a candidata de extrema direita Marine Le Pen. Segundo o Instituto Ipsos Sopra Steria, que divulgou os resultados de intenção de voto na quarta-feira (13/04), Macron estaria dez pontos à frente da rival: 55% a 45%.

Protestos contra Le Pen

Ainda neste sábado, milhares de franceses se manifestaram em várias cidades contra Le Pen. Os protestos ocorreram não só em Paris, mas também em cidades como Rennes, Lyon, Nantes e Besançon e mais 50 localidades de todo o país. As manifestações foram convocadas por sindicatos e organizações como a SOS Racismo, sob o lema "Contra a extrema-direita e pela Justiça e a Igualdade" e também "Nem um voto para Le Pen".

Cerca de 22.000 pessoas participaram nas manifestações em toda a França, 9.200 das quais em Paris, segundo números do Ministério do Interior. "Mais vale um voto que fede que um voto que mata", dizia uma das faixas da concentração na capital.

Muitos manifestantes afirmaram que votarão em Macron, mesmo que não concordem com as políticas do presidente, para evitar que Le Pen seja eleita.

No entanto, outras faixas exibiram a rejeição de muitos eleitores em organizar uma "frente republicana" ou "cordão sanitário", como ocorreu em 2002 e 2017, quando diferentes segmentos políticos da França se uniram em torno de candidatos de direita ou centro para derrotar a extrema direita.

"Nem Macron nem Le Pen" diziam os slogans de alguns manifestantes.  Em Paris também ocorreu um protesto anti-Macron, organizado pelo ex-número dois de Marine Le Pen, Florian Philippot, que assegurava nas redes sociais que os organizadores esperavam "um milhão de pessoas". No final, no entanto, só algumas centenas compareceram.

jps (Reuters, Lusa, AFP, DW)