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HistóriaLituânia

Lituânia lembra 30 anos de ataque soviético mortal

13 de janeiro de 2021

Em janeiro de 1991, forças soviéticas atacaram Vilnius e mataram 14 civis desarmados, mas ação fracassou em impedir a independência do país. Desde então, lituanos comemoram Dia dos Defensores da Liberdade.

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Lituanos em protesto nas ruas de Vilnius em 13 de janeiro de 1991
Lituanos saíram às ruas durante o ataque soviético à torre de televisão em 13 de janeiro de 1991Foto: Andre Durand/AFP

A Lituânia lembrou nesta quarta-feira (13/01), em cerimônias reduzidas e com distanciamento social devido à pandemia de covid-19, os 30 anos de um ataque soviético mortal contra a independência do país báltico, em janeiro de 1991.

Os lituanos acenderam velas e dispuseram flores em homenagem aos 14 civis desarmados que foram mortos quando tanques e tropas soviéticas atacaram a torre de televisão de Vilnius há três décadas.

Temendo outro ataque, milhares se reuniram para defender o Parlamento, que havia declarado independência em março de 1990. As forças de Moscou recuaram, e a ação não conseguiu trazer o país de volta ao império soviético. Desde então, a nação celebra 13 de janeiro como o Dia dos Defensores da Liberdade.

"Trinta anos atrás, a Lituânia defendeu sua independência contra as forças militares soviéticas. Foi o início da queda da União Soviética", disse o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, no Twitter.

"Nunca esqueceremos o preço da liberdade", afirmou, por sua vez, a primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte.

A Lituânia foi a primeira república báltica a se desligar da antiga União Soviética. Em 1991, após cinco décadas de ocupação soviética, o país e as vizinhas Letônia e Estônia ganharam reconhecimento internacional. Em 2004, ingressaram na União Europeia (UE) e na Otan.

"Nossa união deve aos defensores da liberdade da Lituânia, porque a Europa de hoje seria diferente sem sua bravura", afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em mensagem de vídeo nesta quarta-feira. "Os acontecimentos de janeiro de 1991 tiveram um papel decisivo na superação da divisão do nosso continente."

As tradicionais celebrações anuais, que incluem fogueiras ao longo da noite e concertos, foram reduzidas neste ano, e a maioria dos eventos foi realizada online, devido à pandemia.

Reparações na Justiça

Seis oficiais lituanos da era soviética foram presos na década de 1990 por seu papel na repressão, mas foi apenas nos últimos anos que a Lituânia realizou julgamentos contra os principais suspeitos do ataque, que estavam escondidos na Rússia e em Belarus.

Em 2019, um tribunal de Vilnius condenou um ex-ministro da Defesa soviético e dezenas de outros cidadãos russos à revelia por crimes de guerra devido às suas funções. Hoje, o caso está sendo analisado pelo Tribunal de Apelações.

A Rússia rejeitou um pedido da Lituânia para questionar o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev e abriu um processo criminal contra juízes lituanos pelo que Moscou chamou de um "veredito injusto".

O ministro do Exterior da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, neto do ícone da liberdade nacional Vytautas Landsbergis, que estava no comando em 1991, pediu apoio internacional contra a "intimidação" russa.

"Esta é uma pressão externa sobre o sistema judicial lituano, talvez buscando intimidar os juízes através da Interpol", disse o ministro à agência de notícias AFP.

Paralelos com Belarus

Os lituanos aproveitaram o aniversário de 30 anos da luta do país pela liberdade para homenagear os protestos pró-democracia em Belarus. O Parlamento lituano concedeu nesta quarta-feira seu anual Prêmio da Liberdade de 13 de Janeiro à líder da oposição bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya, que está exilada.

Atualmente vivendo em Vilnius, Tikhanovskaya comparou as manifestações em seu país natal à luta pela independência da Lituânia, três décadas antes. "Hoje em dia, muitos bielorrussos reconhecem nos acontecimentos de 13 de janeiro seu trágico presente", disse a oposicionista.

Candidata nas eleições presidenciais em agosto de 2020, ela está entre os mais de 350 ativistas da oposição que encontraram abrigo na Lituânia desde o controverso pleito, que concedeu um sexto mandato ao presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994 e conhecido como o último ditador da Europa.

Tikhanovskaya agradeceu à Lituânia por seu apoio aos protestos anti-Lukashenko, chamando o gesto de uma "verdadeira fraternidade".

"Trinta anos atrás, o sofrimento dos lituanos não foi em vão. A Lituânia se tornou um país livre e agora está livre para ajudar os outros. Em agosto passado, os bielorrussos começaram sua luta pela liberdade e não vamos parar até que ela seja alcançada", disse ela.

EK/afp/rtr