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Lava de vulcão em erupção nas Canárias chega ao mar

29 de setembro de 2021

Em La Palma, magma começa a invadir o Atlântico e a formar altas colunas de vapor. Temia-se que impacto pudesse gerar explosões e liberar gases tóxicos, mas especialistas afirmam que risco à população é mínimo.

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Colunas de vapor formadas pelo encontro da lava de um vulcão com o mar, na ilha de La Palma
Contraste de temperaturas entre o magma e a água provoca formação de colunas de vaporFoto: Ángel Medina /Agencia EFE/imago images

Nove dias após a erupção, a lava do vulcão Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, na Espanha, chegou ao oceano Atlântico na noite desta terça-feira (28/09), formando altas colunas de vapor devido à diferença de temperatura entre o mar e o magma.

O momento do impacto com a água salgada era temido por especialistas, devido à possibilidade de explosões, ondas de água fervente e liberação de gases tóxicos. Mas as piores previsões não se concretizaram e, segundo cientistas, o vapor representa um risco baixo para a população da ilha de cerca de 85 mil habitantes.

"Neste momento temos vento significativo na área, que dissipa mais essa coluna [de vapor] em direção ao mar, deixando o risco muitíssimo menor [para a população]", afirmou à rádio pública RNE Rubén Fernández, um dos responsáveis pelo Plano de Emergências Vulcânicas das Canárias (Pevolca).

Além disso, o fato de já existir um "canal aberto" entre o vulcão Cumbre Vieja e o mar é uma "boa notícia", pois pode evitar "novos acúmulos de lava" em terra, disse à televisão pública David Calvo, porta-voz do Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias (Involcan).

"A dissipação desse gás é bastante rápida e ocorre localmente. E há um raio de exclusão bastante significativo que impede que as cidades mais próximas sejam prejudicadas", explica Calvo.

Medidas de prevenção

O especialista em vulcanologia do Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha, Joan Martí, também afirma que a quantidade de gases que se desprendem da lava ao entrar em contato com a água do mar é pequena e se dissipará rapidamente.

Ele indica que, se a população seguir todas as orientações das autoridades, não haverá qualquer efeito nocivo da emissão.

A recomendação é para que os moradores da região de Tazacorte, perto de onde a lava chegou ao mar, fiquem confinados em casa, com portas e janelas fechadas, para evitar a entrada dos gases.

O governo regional de La Palma também recomendou aos habitantes locais que permaneçam fora da zona de exclusão nas águas marítimas e informou que não permitirá o acesso às áreas evacuadas. Além disso, autoridades estabeleceram um perímetro de segurança de 3,5 km em terra e 2 milhas náuticas na água.

Foto mostra lava escorrendo de um penhasco e encontrando o mar. A foto é noturna.
O momento em que a lava atingiu o mar, na noite de terça-feiraFoto: Miguel Calero/Agencia EFE/imago images

O presidente regional das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, afirmou esperar que o fluxo de lava deixe de se expandir, dado o efeito devastador que teve sobre as casas e fazendas, após a abertura de um canal que o direciona para o mar, onde continua a fluir "normalmente".

Já o chefe de governo da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou que visitará novamente La Palma, mas não informou uma data para a viagem.

Na terça-feira, o governo espanhol declarou a ilha como zona de catástrofe e aprovou uma ajuda de 10,5 milhões de euros, o equivalente a cerca de R$ 66,4 milhões, para fornecer moradia e bens de primeira necessidade aos que perderam tudo com a erupção.

Mudança na atividade vulcânica

Os cientistas consideravam difícil prever quando a lava chegaria ao mar, já que a velocidade havia variado nos dias anteriores e até mesmo estancado em alguns momentos. Na manhã de segunda-feira, por exemplo, houve uma redução notável na atividade do vulcão.

Porém, na tarde daquele mesmo dia, a erupção voltou com intensidade renovada, o que fez com que o derramamento ganhasse velocidade e chegasse na noite de terça-feira à água.

Segundo David Calvo, porta-voz do Involcan, o vulcão "entrou numa fase de equilíbrio, o que significa que durante estes dias provavelmente continuaremos a observar este tipo de atividade" de grande produção de lava.

Foto aérea mostra contraste entre parte da ilha atingida pelo magma (devastada) e parte não atingida, com casas e vegetação.
Magma cobriu 267,5 hectares da ilha de La Palma, atingindo 744 edificaçõesFoto: REUTERS

Prejuízos

De acordo com o levantamento mais recente feito através do sistema de monitoramento por satélite Copérnico, o magma cobriu uma superfície de 267,5 hectares, atingindo 744 edificações, das quais 656 foram destruídas. Além disso, 21,5 quilômetros de vias terrestres foram devastados.

Mais de 6.000 pessoas tiveram que deixar suas casas. Não houve feridos ou mortos, mas foram registrados graves danos materiais.

"Em toda aquela área não sobrou nada além de lava, a paisagem será diferente, a devastação é enorme. A ilha de La Palma naquela área é outra ilha", lamentou o presidente regional das Canárias.

La Palma produz um terço de todas as bananas das Ilhas Canárias e "a colheita atual está completamente perdida", disse Ángel Víctor Torres.

A chuva de cinzas deixou o aeroporto de Santa Cruz de La Palma inoperante por 24 horas no fim de semana. Agora, embora teoricamente ele esteja apto a funcionar, praticamente não há voos chegando.

Especialistas estimam que a atividade vulcânica pode durar de várias semanas a alguns meses. As duas últimas erupções em La Palma haviam ocorrido em 1949 e em 1971, causando a morte de três pessoas no total, duas delas por inalação de gases.

le/ek (Efe, AFP)