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Kamala Harris escolhe governador Tim Walz como vice

6 de agosto de 2024

Ex-deputado e atual governador de Minnesota, de 60 anos, será companheiro da chapa democrata na disputa à presidência. Walz ganhou notoriedade nas últimas semanas por lançar comentários provocativos contra republicanos.

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Político americano Tim Walz
Tim Walz nasceu em 1964, mesmo ano que Harris,

A candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, escolheu nesta terça-feira (06/08) o governador do estado de Minnesota, Tim Walz, como vice de sua chapa.

"Tenho orgulho de anunciar que pedi a Tim Walz para ser meu companheiro de chapa. Como governador, treinador, professor e veterano, ele ajudou famílias trabalhadoras como a dele. É ótimo tê-lo na equipe. Agora vamos trabalhar. Junte-se a nós", anunciou Harris na rede X.

Walz, de 60 anos,atuou como deputado federal por 12 anos e comanda o governo de Minnesota desde 2018. 

"É uma honra única na vida juntar-me a Kamala Harris nesta campanha. Estou dentro.  A vice-presidente Harris está nos mostrando a política do que é possível. Então, vamos fazer isso, pessoal! Juntem-se a nós", escreveu Walz na rede X.

Com a escolha de Walz, devem cessar especulações sobre outros nomes que foram cotados como potenciais escolhas para vice, como o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, o de Kentucky, Andy Beshear, o de Illinois, JB Pritzker, o senador Mark Kelly, do Arizona, e o atual secretário de Transportes, Pete Buttigieg.

A chapa Harris-Walz deve ser formalizada até esta quarta-feira (07/08), antes da convenção do partido, entre 19 a 22 de agosto em Chicago. A antecipação do anúncio da escolha do vice ocorreu porque 7 de agosto é o prazo final para garantir que os candidatos apareçam na cédula do estado de Ohio, explicaram autoridades democratas à agência de notícias AP.

Espera-se também que Harris e Walz participem de um evento de campanha no final do dia em Filadélfia, no estado da Pensilvânia.

O comício de Harris nesta terça-feira marca o início de uma turnê de cinco dias pelos principais estados decisivos, aqueles com um número significativo de votos no colégio eleitoral e onde as pesquisas estão apertadas, e que provavelmente decidirão a eleição.

Republicanos: Walz é alvo "mais fácil"

O presidente Joe Biden elogiou a escolha de Harris, dizendo que ela e Walz serão, juntos, uma "voz poderosa para os trabalhadores e a grande classe média americana".

"A primeira grande decisão que um indicado faz é a escolha do vice-presidente. E Kamala Harris fez uma ótima decisão ao escolher o governador Tim Walz como seu companheiro de chapa", escreveu Biden no X.

Já o ex-presidente Barack Obama e a ex-primeira-dama Michelle Obama destacaram em comunicado conjunto a capacidade de Walz de "falar como um ser humano e tratar todo mundo com decência e respeito". Também mencionaram feitos dele como governador, como controle de armas, apoio financeiro a famílias e garantia do direito ao aborto.

Numa aparente alfinetada no candidato republicano Donald Trump, o casal Obama comentou que a escolha do vice diz muito sobre um candidato e o tipo de presidente que ele será. "[Os candidatos à Casa Branca] escolhem alguém inexperiente e polarizador, que aprofundará nossas divisões? Ou escolhem alguém com discernimento para tomar decisões difíceis e com o caráter de acreditar que cada voz conta e todos merecem uma chance?"

O companheiro de chapa de Trump é J.D. Vance, senador de Ohio de 39 anos e sem muita projeção nacional. Para alguns analistas, sua retórica pouco conciliadora mostra que Trump não parece ter se preocupado muito em apresentar um vice que agregasse votos além do eleitorado que ele já atrairia sozinho. 

À época da indicação de Vance, Biden ainda era candidato à reeleição e a opinião pública americana estava sob impacto da tentativa de assassinato contra Trump. O desembarque de Biden e a chegada de Kamala Harris embaralharam a disputa.

A campanha de Trump criticou Walz, acusando-o de ser um "extremista perigosamente liberal". Segundo o portal de notícias Axios, por outro lado, muitos republicanos demonstraram alívio com a escolha de Walz, que veem como alvo mais fácil. O outro nome no páreo, o governador da Pensilvânia Josh Shapiro, é notório por suas posições pró-Israel.

"A zona de conforto de Harris continua a ser as mesmas franjas da extrema esquerda do partido dela. Esnobar Shapiro, que é pró-Israel, é o sinal mais claro até agora de que a Kamala de 2024 é a mesma de 2019", afirmou ao Axios Will Reinert, porta-voz do Comitê do Partido Republicano.

Quem é Tim Walz

Nascido em 1964, mesmo ano que Harris, na zona rural do estado do Nebraska, Tim Walz se alistou na Guarda Nacional dos EUA aos 17 anos. Ele serviu na força militar da reserva por 24 anos.

Em entrevista, Walz falou sobre como benefícios da Seguridade Social ajudaram sua família sua mãe e como os militares financiaram sua educação universitária. Após seus estudos, com um diploma de professor, Walz trabalhou por um ano na China, na época do massacre da Praça Tiananmen.

Em 2006, foi eleito deputado pelo  Minnesota. Serviu 12 anos no Congresso americano. Nesse período, foi um político de difícil classificação ideológica. Ele votou a favor de medidas para melhorar condições trabalhistas, como aumento do salário-mínimo, além de apoiar esforços para reduzir emissões de carbono. Por outro lado, defendeu a continuidade do financiamento das guerras no Iraque e no Afeganistão e medidas de verificação mais rigorosas para a entrada de refugiados nos EUA. 

Walz também já foi apoiado pelo lobby pró-armas Associação Nacional do Rifle (NRA), que chegou a doar para sua campanha, mas também se manifestou a favor da proibição de fuzis de assalto após o massacre na escola de Parkland, em 2018, e depois perdeu apoio da NRA.

Em 2018, Walz venceu a eleição para governador com uma vantagem de 11 pontos, mas seu primeiro mandato foi ofuscado pela pandemia e pela morte de George Floyd em 2020 pela polícia de Minneapolis, a maior cidade do Minnesota. Durante os tumultos provocados pela morte de Floyd, Walz recorreu à Guarda Nacional para tentar controlar a situação, a pedido das autoridades municipais de Minneapolis.

Mas os republicanos criticaram duramente o governador pelo que encararam como uma demora excessiva para convocar formalmente os militares, quando os protestos já haviam se tornado violentos. Segundo os críticos, os tumultos ganharam força por causa da demora do governador. Desde então, Walz defendeu várias vezes a sua atitude. "Simplesmente acredito que tentamos fazer o melhor que pudemos", disse Walz.

Walz tem ganhado destaque na mídia americana por uma série de aparições em que desferiu críticas aos adversários republicanos, e por zombar do vice indicado por Trump, J.D.Vance, descrito por Walz como "esquisito". O insulto se tornou popular entre apoiadores dos democratas. "Você já viu Trump rir? Quando Trump ri, é de alguém e não com alguém!",  comentou Walz recentemente na CNN, num exemplo da sua estratégia de provocar os republicanos. 

Tim Walz e Kamala Harris
Walz e Kamala Harris em março de 2024Foto: Stephen Maturen/Getty Images

Timing da escolha

Antes de escolher de Walz, na noite de segunda-feira Harris garantiu formalmente a indicação presidencial democrata, tornando-se primeira mulher negra e asiática a liderar a candidatura presidencial de um grande partido dos EUA.

A indicação tornou-se oficial depois que os delegados da Convenção Nacional Democrata encerraram uma rodada de cinco dias de votação online. Harris obteve 1.976 votos para conquistar a nomeação.

Em seu perfil na rede  X, após o anúncio, Harris agradeceu o apoio dos delegados. "Estou honrada em ser a candidata democrata para presidente dos Estados Unidos. Aceitarei oficialmente a nomeação na semana que vem. Esta campanha é sobre gente se unindo, movida pelo amor ao país, para lutar pelo melhor que nós somos."

A garantia da indicação de Harris como cabeça da chapa democrata ocorre após um período turbulento para o partido, que começou com o desempenho desastroso de Biden no debate de junho. Depois que ele anunciou sua retirada, Harris conquistou rapidamente uma série de endossos para garantir o apoio dos delegados do partido.

jps/av/ra (ots)