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João de Deus vira réu por crimes sexuais

9 de janeiro de 2019

Justiça aceita denúncia contra o médium pelos crimes de estupro de vulnerável e violação sexual. Acusação é referente a quatro casos que teriam ocorrido no ano passado.

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Médium João de Deus entre apoiadores na Casa Dom Inácio de Loyola
Médium João de Deus foi acusado de cometer abusos sexuais em sessões individuaisFoto: Agência Brasil/M. Camargo

A juíza Rosângela Rodrigues dos Santos, de Abadiânia, Goiás, aceitou nesta quarta-feira (09/01) a denúncia contra o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, acusado de estupro de vulnerável e violação sexual. Feita pelo Ministério Público de Goiás, a denúncia diz respeito a crimes praticados em 2018, entre os meses de abril e outubro.

Preso desde 16 de dezembro, João de Deus foi acusado por centenas de mulheres de cometer abusos durante tratamentos espirituais realizados na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. O médium nega as acusações.

O caso corre em segredo de Justiça, e detalhes do processo não foram divulgados. Segundo o Ministério Público de Goiás, a denúncia aceita envolve quatro supostas vítimas. A acusação é baseada em testemunhos de 19 mulheres, que teriam sofrido abusos entre 1975 e 2018.

A defesa de João de Deus afirmou em nota que ainda não foi notificada da decisão e destacou que está confiante na Justiça. "De qualquer modo, é importante esclarecer que se trata de uma decisão provisória, sujeita à confirmação após a apresentação da resposta à acusação", ressaltou o advogado Aberto Toron.

João de Deus está preso em caráter preventivo desde o último dia 16 de dezembro no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital goiana.

A defesa aguarda o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de um pedido de liberdade apresentado após o Tribunal de Justiça de Goiás e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) terem negado os pedidos para que o médium fosse liberado para aguardar as investigações em casa – usando, se necessário, uma tornozeleira eletrônica.

Em parecer, solicitado pelo STF, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, foi contrária ao habeas corpus, alegando que o médium não apresenta problemas de saúde que não possam ser acompanhados e tratados na prisão.

Segundo o Ministério Público de Goiás, centenas de relatos contra João de Deus já chegaram à força-tarefa por e-mail, telefone ou presencialmente. Entre eles há 260 mulheres que se dizem vítimas do médium, sendo ao menos 11 residentes no exterior: quatro nos Estados Unidos, três na Austrália, uma na Alemanha, uma na Bélgica, uma na Bolívia e uma na Itália.

Em meados de dezembro, durante operações da Polícia Civil de Goiás com o Ministério Público, foram apreendidos 1,6 milhão de reais em espécie em endereços ligados a João de Deus, além de armas de fogo, esmeraldas e medicamentos. Devido às armas sem registro, o médium foi alvo de um segundo mandado de prisão por posse ilegal.

João de Deus, de 76 anos, realiza cultos espirituais desde 1976, sendo responsável por supostas "curas milagrosas" na Casa Dom Inácio de Loyola, uma espécie de templo que se tornou ponto de peregrinação de milhares de pessoas todos os meses.

A reputação do médium ultrapassou as fronteiras do Brasil. Em 2012, por exemplo, ele foi visitado pela então apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey. Os três últimos presidentes brasileiros, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer, também procuraram as consultas espirituais de João de Deus por questões de saúde.

CN/lusa/ots

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