Irã suspende venda de petróleo a França e Reino Unido
19 de fevereiro de 2012O Irã parou de vender petróleo a empresas britânicas e francesas, numa retaliação contra novas sanções na União Europeia ao combustível do país asiático. "As exportações de petróleo para empresas britânicas e francesas foram suspensas", comunicou o porta-voz do Ministério iraniano do Petróleo, Alireza Nikzad neste domingo (19/02), através página do órgão na Internet. "Vamos vender nosso petróleo para novos clientes", acrescentou.
A União Europeia decidiu em janeiro paralisar as importações a partir de julho, para pressionar Teerã retornar à mesa de negociações sobre seu controverso programa atômico. O Ocidente suspeita que o país asiático tem o objetivo de construir bombas nucleares. O Irã nega, afirmando que o programa persegue fins pacíficos de produção energética.
O ministro iraniano do Petróleo afirmou em 4 de fevereiro que o Estado islâmico cortaria suas exportações de petróleo para "alguns" países europeus. Na semana passada, a Comissão Europeia disse que o bloco não iria sofrer escassez de combustível, se o Irã parasse as exportações de petróleo, já que dispõe de um estoque suficiente para abastecer a demanda por cerca de 120 dias.
Inspetores da IAEA chegam na segunda
O Irã deve receber a partir desta segunda-feira uma equipe de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), organização autônoma da ONU, como parte dos esforços para aliviar, através do diálogo, as tensões em torno de seu programa nuclear.
O ministro iraniano do Exterior, Ali Akbar Salehi, assegurou, na última terça-feira, que seu país estava disposto a retomar rapidamente o diálogo com as potências mundiais, assim que um lugar e uma data fossem acordados. As últimas conversações em Istambul, em janeiro de 2011, fracassaram, mas o Irã respondeu positivamente a uma proposta da UE para retomar as conversas.
"Estamos à procura de um mecanismo de solução para a questão nuclear, de maneira que aja ganhos para ambos os lados", disse Salehi, acrescentando, entretanto, também estar preparado para o "pior cenário".
Nervosismo em torno de Israel
Tal cenário, uma guerra, permaneceu no texto subliminar de uma visita a Israel no domingo de Tom Donilon, conselheiro para Segurança Nacional do presidente norte-americano, Barack Obama. Israel é objeto de especulações febris nas últimas semanas, segundo as quais o país estaria próximo a lançar um ataque preventivo contra o programa nuclear do Irã, apesar de Tel Aviv negar que tenha tomado essa decisão.
Os Estados Unidos, embora não excluam a opção militar contra o Irã, vêm supostamente se empenhando em tentar impedir seu principal aliado no Oriente Médio de tomar medidas tão drásticas. O ministro britânico do Exterior, William Hague, também alertou em entrevista à BBC no domingo: "Não acho que seja sensato, para Israel, lançar um ataque militar contra o Irã neste momento.
Israel teria levado em consideração um anúncio feito pelo presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, no domingo passado, de que seus cientistas estavam impulsionando o enriquecimento de urânio, com a instalação de mais 3 mil novas centrífugas na central nuclear de Natanz. O Irã também parece estar prestes a instalar milhares de centrífugas em outra instalação de enriquecimento de urânio, altamente fortificada, localizada perto da cidade de Qom, segundo informou à BBC um diplomata credenciado pela AIEA.
Um relatório divulgado em novembro pela IAEA afirmou que há fortes indícios de que os programas do Irã incluam o desenvolvimento de armas nucleares. A delegação da AIEA chega em Teerã nesta segunda-feira, para dois dias de conversações, com autoridades iranianas, sobre essas suspeitas.
MD/afp/rtr
Revisão: Augusto Valente